30/12/09

UM NOVO ANO...


Que o Novo Ano seja pleno de
SAÚDE... TRABALHO... JUSTIÇA... AMOR... PAZ...
UM 2010 FELIZ!

11/12/09

NATAL... PAZ NA TERRA !!!

" E o Filho de Deus se fez Homem, para fazer cumprir em Si as promessas divinas de Salvação!"
Não! O Natal não pode ser apenas aquilo que vejo, no meu dia-a-dia deambulante pela vida de um quotidiano que me ensinou ser o Natal uma doação de Deus e não uma qualquer campanha de vendas organizada pela sociedade consumista em que o mundo se tornou!
Não! Em absoluto o Natal não pode ser o retrato daquela criança que morre de fome, no regaço de uma mãe sofrida, que vê o seu natal protagonizar-se em sofrimento e morte, porque não há nos céus anjos a cantar "PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE"... porque estes se tornaram adoradores do deus dinheiro, da deusa fortuna, do deus devassidão, da deusa luxúria e de tantos outros deus afins, "que andam no mundo para perdição das almas...", como se costuma rezar nas igrejas abandonadas de tantos lugares espalhados pelo mundo!
Os jovens, hoje, deixaram de acreditar noutro deus que não seja feito à sua imagem e semelhança - isto é: - UM DEUS QUE USE TELEMÓVEL PARA CONTACTO COM AQUELES A QUEM PRETENDE CONVIDAR PARA MAIS UMA SAÍDA À NOITE SEJA LÁ DE ONDE SEJA! NATAL? ISSO É PARA "COTAS" E "CHAVALOS" AINDA DE CUEIROS!
UM DEUS DE BRINQUINHO NA ORELHA E TATUAGEM A MATAR! UM DEUS QUE DÊ UMAS PASSAS NUNS CHARROS E GOSTE DE PASSAR AO PARCEIRO DO LADO... QUE GOSTE DE CURTIR UMAS GARINAS E TENHA UMAS SEMPRE DE RESERVA PARA SE NÃO ENFASTIAR DA QUE AGORA CURTE!
Enfim... um deus que não seja confundido com as atitudes beatas dos "cotas", que se aturam enquanto têm nota para ir largando! Depois...
Infelizmente é a imagem do Natal que procuram as gerações de hoje... e as futuras, se ainda existirem, não terão do Natal recordação!
Os jovens de hoje não têm do Natal opinião, a não ser que é uma curte careta em que se tem de aturar os velhadas numa fastidiosa noite dita de reunião da família... só porque os velhos é que têm a guita para que os shotes não faltem na animação da noite curtida com os amigos do peito!
A sociedade de consumo, em que estamos inseridos, procura comercializar o Tempo de Natal, escravizando-o do seu conteúdo espiritual, de tal modo que do mistério da vinda do Filho de Deus muitas vezes não fica sequer uma piedosa recordação.
É que Jesus Cristo veio para todos os homens, de todos os tempos, desejoso de que todos os cristãos sejam efectivamente artífices da Paz!

Um Bom Ano de 2010!
Saúde...Paz...Alegria...
Partilha...Trabalho...Solidariedade!!!

03/12/09

Advento... já é Natal!!!


N A T A L


O meu desejo de Natal é tão sentido

que nem sei se é o que quero transmitir...

...Se eu pudesse dizer-te apenas as palavras

que, no íntimo, pensei que já soubesses

desde quando te impusestes na minha vida...!

No tempo em que a saudade desponta...

...e quando alguém se ergue de novo,

com fé, muito querer e persistência,

bem junto a um alguém a quem amar...

...é como de repente abrires os olhos

e vêres que no Advento do Salvador

repões o sorriso nos teus lábios...

...talvez porque mudastes para sempre

razão para um Natal pleno de amor,

melhor que nos anos anteriores,

pois verás à meia-noite como é tão claro:

Jesus dá-nos um Natal de luz e cor...

...tão cheio de alegria e de amor!

Olhamos para trás...

E logo pensamos

que este Jesus nos salvaria,

e um dia,

unidos na esperança e na alegria

saberemos dizer-Lhe OBRIGADO

pois Ele nasceu para que nós pudessemos viver!

Neste Advento

esperamos ansiosos pelo dia

em que Jesus irá nascer... para morrer,

fazendo renascer a nossa esperança

que o Amor de Cristo é a Luz que bem nos guia!

*

Poema de

Victor Elias

23/11/09



A DEVIDA COMÉDIA
Criancinhas
*A criancinha quer Playstation. A gente dá.
*A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.
*A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.
*A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha.
*A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.
*A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.
*A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.
*Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.
*Desperta.
* É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.
*A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.
*A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.
*A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são«uma seca».
*Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal.
*Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as
criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho ...sou eu».
*A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na
casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
*Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha?
*Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.
Artigo escrito por Miguel Carvalho e publicado na revista visão online

14/11/09

Momento de poesia...

assim, serenamente...

...procuro o outro "eu"
que teima em esconder
tudo o que no peito sinto
e tanto me faz sofrer...
...ainda que suavemente,
porque sinto sem sentir
tudo o que a alma sente
ao chorar ou ao sorrir,
desta forma: SERENAMENTE!
Recuso ser quem não sou,
de uma forma subtil...
...e procuro onde não estou
mais parecendo ser senil...
...e assim, serenamente,
senhor da minha vontade,
vou em busca do meu "eu",
para chegar à verdade!
Ainda que venha a ter
a chave do meu porvir...
...que só será venturoso
enquanto a alma sorrir,
mas não deixo de buscar
o "eu" que anda perdido!
Só então, serenamente,
com a tarefa cumprida,
com afagos e docemente
terá mais sentido a vida!
*
Um poema de
Victor Elias

02/11/09

DIA DE FIÉIS DEFUNTOS

Depois de haver cantado a glória e a felicidade dos Santos que «gozam em Deus a serenidade da vida imortal», a Liturgia, desde o início do século XI, consagra este dia à memória dos Fiéis Defuntos.
É uma continuação lógica da festa de Todos os Santos. Se nos limitássemos a lembrar os nossos irmãos Santos, a Comunhão de todos os crentes em Cristo não seria perfeita. Quer os fiéis que vivem na glória, quer os que vivem na purificação, preparando-se para a visão de Deus, são todos membros de Cristo pelo Baptismo. Continuam todos unidos a nós.
A Igreja peregrina não podia, por isso, ao celebrar a Igreja da glória, esquecer a Igreja que se purifica no Purgatório.
É certo que a Igreja, todos os dias, na Missa, ao tornar sacramentalmente presente o Mistério Pascal, lembra «aqueles que nos precederam com o sinal da fé e dormem agora o sono da paz» (Prece Eucarística 1). Mas, neste dia, essa recordação é mais profunda e viva.
O Dia de Fiéis Defuntos não é um dia de luto e tristeza, mas sim um dia de mais íntima comunhão com aqueles que «não perdemos, porque simplesmente os mandámos à frente», no dizer de S. Cipriano.

01/11/09

O DIA DE TODOS OS SANTOS

HOJE É O DIA PARA SE RECORDAREM TODOS OS SANTOS E SANTAS DE DEUS... AQUELES QUE COMPREENDERAM TODO O SIGNIFICADO DAS BEM-AVENTURANÇAS E OUVIRAM NO CORAÇÃO ESTA PALAVRA DE JESUS CRISTO: "ALEGRAI-VOS E EXULTAI, PORQUE É GRANDE NOS CÉUS A VOSSA RECOMPENSA!". LEMBRAR OS SANTOS DEVERIA ACONTECER-NOS TODOS OS DIAS, MAS ELES ESTÃO CONFIANTES DE QUE, PELO MENOS NESTE DIA, NÃO VÃO SER ESQUECIDOS TODOS OS QUE VIVERAM EM SANTIDADE E JÁ ESTÃO JUNTO DO PAI NO GOZO DA VIDA ETERNA NA COMUNHÃO DE DEUS E DE TODOS OS SANTOS.
MAS AMANHÃ SERÁ O DIA PARA SEREM RECORDADOS TAMBÉM AQUELES QUE JÁ PARTIRAM E DORMEM O SONO DA PAZ, AGUARDANDO A ÚLTIMA VINDA DO SALVADOR, PARA RESSUSCITAREM COM CRISTO. IREMOS ENTÃO RECORDAR OS FAMILIARES E AMIGOS, QUE JÁ PARTIRAM PARA O SEIO DO PAI!
IREMOS AOS CEMITÉRIOS, ONDE ENFEITAREMOS AS SUAS SEPULTURAS COM FLORES... COM SAUDADES... VERTEREMOS ALGUMAS LÁGRIMAS FURTIVAS... TEREMOS UM MOMENTO PARA UM PENSAMENTO FEITO ORAÇÃO, PORQUE CIENTES QUE OS QUE PARTIRAM ESTARÃO SEMPRE NO NOSSO CORAÇÃO...

29/10/09

Emigrantes...saudade...sonho

Portugal é um país de emigração e imigração, razão porque se costuma afirmar que "ficou pelo mundo em pedaços repartido". Sabemos que a emigração no nosso País se iniciou cerca do ano de 1425, quando foi iniciada a colonização da ilha da Madeira, que havia sido descoberta e não era habitada.
Depois da aventura madeirense e tomando como exemplo a Família Real, que se havia mudado de armas e bagagens para as terras de Vera Cruz, os portugueses escolheram como destino o Brasil - o que ainda acontece, na actualidade - até que, com o fim da II Guerra Mundial, começou o êxodo das nossas gentes para países como a França, a Alemanha, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Venezuela, a África do Sul, os Estados Unidos, o Canadá ou a Austrália.
É ponto assente que a emigração portuguesa foi orientada, de forma especial, para o Brasil, a partir de 1855, atingindo-se o número de 194.021 emigrantes entre os anos de 1905 e 1909. Havia denúncias de a emigração ser um flagelo social que se acentuara na segunda metade do século XIX, mas não há indicativos seguros de que o clamor se não devesse atribuír à intensificação da saída de braços necessários como mão-de-obra para a nossa agrícultura, no dizer dos empresários agrícolas.
Este problema foi por demais debatido após 1870, quando a expansão das áreas cultivadas e o replantio dos vinhedos, que haviam sido destruídos pela filoxera, exigiam um maior número de trabalhadores agrícolas.
Os nossos governantes sabiam que a emigração tinha uma raíz difícil de extirpar, que estava bem à vista: A MISÉRIA QUE GRASSAVA NA VIDA DOS CAMPOS!
Só que a falta de mão de obra rural estava a provocar a alta dos salários agrícolas e isso era considerado ruinoso para os proprietários. Fez-se então um inquérito parlamentar à emigração... e as conclusões foram de que não era a penúria e a falta de emprego a provocar a emigração, uma vez que no Minho se lutava contra a falta de braços , mas o Alentejo estava a receber gentes das Beiras nas épocas de maior faina agrícola, pelo que na origem da emigração estaria latente o desejo de... enriquecer!
Alexandre Herculano bem se insurgiu contra esta visão das coisas, escrevendo diversos trabalhos nesse sentido, onde sustentava que as causas eram realmente a miséria nos campos e a insuficiência dos salários, situação que, no seu entender, deveria ser corrigida associando os assalariados agrícolas à posse das terras.
A grande maioria dos emigrantes portugueses destinou-se ao Brasil, para onde os levava a tradição vinda do século XVII, a par da facilidade de uma língua comum... e do trabalho profícuo dos "engajadores" que recrutavam trabalhadores para as explorações agrícolas do Brasil.
Muitos trabalhadores, oriundos do Norte e das Beiras, foram vítimas desta propaganda dos agentes, que lhes propunham contratos de parceria agrícola em que o salário era constituído por metade do produto líquido do trabalho durante o primeiro ano, sendo que a viagem seria um adiantamento a deduzir desse salário, tal como acontecia com a alimentação, se fosse fornecida pelo proprietário.
Estes trabalhadores trabalhavam em grupos, nas fazendas do interior, e viviam em sanzalas, sobre orientação de antigos capatazes de escravos... pois apenas do ponto de vista jurídico os emigrantes eram distinguidos da escravatura. Os "pactos de parceria" que pareciam aos camponeses minhotos um caminho para a riqueza, não lhes deixavam, muitas das vezes, recursos para fazerem o regresso à Pátria.
O Brasil daqueles tempos era a "árvore das patacas"... mas também o "cemitério dos portugueses!
***CONTINUA***

14/10/09

EM BUSCA DE UM SONHO...

Portugal é um país em busca de sonhos... porque somos gente que procura ser feliz, ainda que o não pareça!
Quando a guerra no Ultramar pedia gente para o sacrifício, os Portugueses optaram por se sacrificar mas por algo que lhe fosse mais rentável sem pedir o sacrifício da própria vida... ainda que os caminhos da emigração fossem agrestes e, muitas das vezes, não se coibiam de pedir aos jovens, que iam "de salto" para as terras gaulesas, um preço alto pela dita de não ir para a guerra.
A sina estava traçada nas linhas da vida do Povo Português, muitas vezes me perguntando se não haveria aí uma "vingança" do Adamastor, das Ninfas do Tejo, dos Velhos do Restelo, que terão arranjado uma qualquer macumba capaz de, pelos tempos fora, obrigar os Portugueses a ter de viver fora da sua terra, do seu torrão Pátrio, vivendo num sortilégio em que o fado será a marca indelével da nossa saudade!
Somos um País de emigrantes... ontem para o Brasil... para a África... para a França... a Alemanha... a Venezuela... a África do Sul... a Austrália, mas o reverso da medalha está a acontecer e nós, ontem calcorriando as sete partidas do mundo em busca da felicidade, da concretização do sonho lusitano, também somos hoje país de acolhimento, mesmo que não tenhamos nada para oferecer, mas sempre capazes de fazer valer o velho aforismo de que o pobre dá mesmo o que não tem, pois partilhar é da sua índole!
Dirá alguém mais avisado: "ENTÃO A NOSSA FELICIDADE É MORRER DE SAUDADE? E SERÁ VERDADE QUE SE MORRE MESMO COM TAL SENTIMENTO?" Bem... o fado diz que não se morre de saudade, mas não acredito que seja cantado por alguém que alguma vez estivesse na situação de sentir verdadeiramente o que é a saudade! O emigrante, pela sua maneira de ser e estar na vida, é um animal saudoso, que apenas sonha com o momento em que voltará a ouvir as "Avé Marias" soarem no campanário da sua aldeia, poderá estar à lareira, nas noites de invernia, a sentir o doce calor vindo do tronco que arde em chamas brilhantes que crepitam, alegres, como se sentissem que ele estava saudoso daquele momento.
E então recorda o velho Prior, que o baptizou, o cachorro fiel, que é agora um animal no declinío da vida, mas antes fora o seu companheiro de brincadeiras, quando corriam pelos valados da terra natal.
Alguns amigos já partiram, levados pela idade, pela doença ou pela guerra, e outros foram crescendo, casaram, tiveram filhos... É o mundo que se renova, muitas vezes sem dar azo a que os sonhos se cumpram, porque o mundo pula e avança, no dizer do Poeta, mas a esperança é sempre renovada!
E é o sonho que comanda a vida, não podemos duvidar! Quando regressamos - se regressar-mos - fazemos a avaliação do que foi a nossa vida na diáspora e perguntamos: VALEU A PENA? Também o Poeta nos diz: "TUDO VALE A PENA..."

24/09/09

VIGIAR... COM AMOR

As virgens sensatas... são alegres!
Nos dias da campanha eleitoral, que ainda decorre, temos ouvido de tudo um pouco para denegrir o adversário político, visando a conquista dos votos do Povo... que é sempre quem mais sofre as incidências da ineficácia governativa, quando esta acontece.
Em determinado momento aconteceu lançar-se o nome do Presidente da República no aerópago dos comícios socialistas, aproveitando-se de insinuações debitadas por esse 5º. poder que dá pelo nome de comunicação social. E esse facto fez-me reflectir sobre a necessidade de estar vigilante para não vir a caír na teia das escutas clandestinas, tão do agrado dos nossos políticos, benza-os Deus!
Vigiar é estar alerta, estar atento, viver em dinamismo interior de contínua atenção, como o soldado vigia na noite, procurando controlar o inimigo, ou a enfermeira vigia à cabeceira do doente moribundo, a mãe junto ao berço dos seus filhos! Essa vigilância corresponde a uma tensão interior de cuidado, de expectativa ou de atenção amorosa.
Vigiar é traduzir o amor em algo activo, dinâmico, porque quem ama espera com atenção, cuida com esmero, dedica-se com generosidade. Na Bíblia lê-se a parábola de Cristo sobre as virgens insensatas. Constata-se que a insensatez era fruto da falta de amor. Foi essa a razão porque não esperaram! Não vigiaram com atenção e cuidado, tal como os Apóstolos não souberam vigiar e orar com Cristo lá no Monte das Oliveiras. E eu? Será que tenho estado vigilante???
Vigiar "para não caír em tentação", para estar atento aos perigos, fugir dos obstáculos ou afastar-se das ocasiões que façam perigar a nossa verticalidade de pessoa humana! O Homem que está no mundo sem ser do mundo, necessita de estar vigilante para que os critérios, os gostos, as escolhas mundanas não comecem a penetrar, a viciar o seu interior, a sua maneira de ver, de amar, de gostar, de sentir!
Vigiar... estar atento porque o espírito mundano, o mistério da iniquidade está vivo e actuante! Devemos ser fermento e sal, não podendo deixar de estar atentos e vigilantes... para que a "massa" não sufoque de tal modo que não consiga fermentar!
Vamos estar vigilantes para que, como sal e luz, desempenhemos a nossa função sem nos deixarmos abater, estragar, deteriorar...
Mas vamos estar vigilantes com amor, porque temos o coração limpo de "escutas", porque temos os ouvidos para ouvir, tal como a boca para falar... sem que dela possa saír mais nada que palavras de amor ao próximo, que as espera com avidez!
Nestes tempos de lavagem da roupa suja política, é bom estar-se atento, VIGIAR PARA NÃO CAÍR EM TENTAÇÃO!

06/09/09

Felicidade... o que é?

Ainda não se desvaneceu a pergunta em que numa anterior mensagem se inquiria sobre felicidade. Sabemos que o Homem busca esse desiderato desde toda a sua existência, mas é o próprio homem que vai afastando algumas possibilidades capazes de nos darem a resposta almejada.
Segundo Roberto Shinyashiki, "Felicidade não é aquilo que acontece na nossa vida, mas o modo como nós elaboramos esses acontecimentos. A diferença entre o sábio e o ignorante é que o primeiro sabe aproveitar as suas dificuldades para evoluir, enquanto o segundo se sente vítima de seus problemas".
Será que alguma vez o Homem encontrará resposta?
Segundo afirma o famoso psicólogo israelita Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, nos EUA, num estudo feito nos últimos anos sobre o modo de viver dos americanos, "passamos a julgar nossa felicidade não pela situação actual, mas pela perspectiva de melhorar de vida no futuro". Há cinquenta anos atrás, era sonho das famílias de classe média poderem ter uma casa própria, possuirem um carro e poderem mandar um filho fazer a sua formatura universitária. Poderá dizer-se que o sonho americano é uma realidade insufismável... mas ainda assim o povo não se considera feliz.
Já o filósofo grego Aristóteles afirmava, há mais de 2 mil anos, que a felicidade se atinge pelo exercício da virtude e não da posse.
Daniel Gilbert, professor de psicologia da Universidade de Harvard, que estuda a felicidade há mais de duas décadas, define felicidade como uma sensação de bem-estar : “É difícil dizer o que é, mas sei quando eu a vejo. É simplesmente se sentir bem”.
Nas suas pesquisas e livros sobre este tema, Gilbert mostra o que teimamos em não perceber no dia-a-dia: a felicidade não é uma sensação eterna, é um estado de êxtase, daqueles que se atingem nos momentos de extremo prazer.
Estar feliz ou triste é um vai-e-vem. Apesar de poderem ser difíceis, os processos de infelicidade funcionam também como um momento para se poder amadurecer, pensar e repensar as atitudes e os projectos.
Ao ouvirmos e acolhermos tudo o que surge em nós, como a tristeza, a alegria, as coisas boas ou más, bonitas ou feias, sem preconceitos, sem bloqueios e sem nos opormos a elas, descobriremos o contacto com o nosso espaço interior e com a nossa essência. E isso deve ser um assomo de felicidade... seja lá ela o que seja!

22/08/09

Férias... férias... férias...

San Sebastian - verde e mar
Muitas vezes, sem que saiba bem o porquê, dou comigo a pensar em... férias, como se isso fosse algo de importante nos dias que correm, dada a situação de crise que vai sendo apregoada aos quatro ventos... ou serão cinco?
Não é que tenha alguma coisa contra ... pois poderá dizer-se que tenho férias permanentes, atingida que foi a idade de dizer "basta" ao trabalho supervisionado por pessoas que têm por missão avaliar - onde ouvi eu falar nisto? - a minha capacidade de fazer as coisas... que eles nem sequer sonham como se fazem!
Mas estes tempos de calor insano, que vão tostando as peles das dondocas que fazem férias 366 dias por ano, mesmo que este tenha apenas 365, são propícios a induzir as nossas massas cinzentas a pensar ser tempo para ir apanhar uns bons escaldões, beber uns "pirolitos" de água bem salgada, mastigar umas bolas de Berlim com creme e cobertura de areia, apreciar as sereias de peitos descaídos a deitar olhinhos gulosos aos maridos das outras... e eu sei lá que mais apetece.
Talvez seja por isso que o campo é mais convidativo... mesmo que haja o incómodo de alguns animais que teimam em não nos deixar sossegados, obrigando a coçar aqui, ali e acolá... quando é só a chatice das melgas e mosquitos que nos apoquenta.
Mas o verde dos campos, a sombra das árvores frondosas, o chilrear dos pássaros, o marulhar das águas cristalinas, correndo pelo regato, o cheiro das flores coloridas que enfeitam os campos como se de mantos se tratasse, parecem ganhar ao turbilhão das praias ventosas, cheias de pessoas em amontoado, que parece nem se aperceberem que o tempo está a mudar e o regresso da praia urge.
E aqueles que não têm férias até pedem a todos os santinhos que chova! Raio do patrão, que logo havia de fechar o fábrica e ir para a estranja! Os miúdos é que vão sofrer, porque não há férias para ninguém! Como é que fazem aqueles que passam noite e dia em festas e festinhas que a TV nos vai dando conta, parecendo estar de férias 14 meses por ano??? Pagam ou ficam a dever?
É que quem cabritos vende e cabras não tem... deve-lhes ter saído o Euromilhões ou fazem parte da sociedade "Mãozinhas Leves & Irmãos" ...ou são empresários de fim de semana, comprando e vendendo artigos de ménage no hipper da Feira da Ladra! Vejam o que as férias nos podem trazer à lembrança! Como se fosse possível, num País de brandos costumes como o nosso, haver quem fizesse coisas dessas só para poder ir de férias!
O que nos vai valendo é que elas estão no fim...

09/08/09

Fisolofando...

Pintura a óleo " A MORTE DE SÓCRATES"
*
Sabe-se que a palavra "filosofia", originada do grego "φιλοσοφία", provém da união da palavra "philia" = φιλία, e significa "amizade", "amor fraterno" e "respeito entre os iguais", com a palavra "sophia" = σοφία, a significar "sabedoria" ou "conhecimento".
Derivante de "sophia", vamos encontrar a palavra "sophos" = σοφός , para nos designar aquele que é "sábio" ou "instruído".
Filosofia significa, portanto, "amizade pela sabedoria", "amor" e "respeito pelo saber", porque o "filósofo" será aquele que ama e busca a sabedoria, que tem amizade pelo saber, que deseja o saber.
Na tradição é atribuida ao filósofo Pitágoras de Samos, que viveu no século V antes de Cristo, a criação da palavra filosofia.
Filosofia é o indicador de um estado de espírito: o da pessoa que ama, ou seja, que deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Para alguns autores, a palavra « philosophía » não será uma construção moderna a partir do grego, mas sim um empréstimo dela mesma à língua grega .
Os termos "φιλοσοφος" = «philosophos» e "φιλοσοφειν" = «philosophein» podem-se encontrar devidamente documentados junto aos pré-Socráticos Heráclito, Antífones, Górgias e Pitágoras, tal como junto a outros pensadores como o foram Tucídide ou Heródoto, mas a "φιλοσοφία" = «philosophía» deve a sua paternidade a Platão, o qual de fato se tornou, num sinônimo de "φιλομαθια" = «filomatia».
Historicamente, a filosofia é conhecida por ser algo difícil de definir com precisão, não conseguindo a maioria das definições, se não todas, cobrir tudo aquilo a que chamamos filosofia.
Existem outros modos para se chegar a uma concepção da filosofia, mesmo que não haja uma definição, pois à falta de uma definição "definitiva", as introduções à filosofia apostam, geralmente, para a apresentação de uma lista de discussões e problemas filosóficos, e uma lista de questões não filosóficas.
Algumas das questões filosóficas incluem, por exemplo, as eternas perguntas "O que é o conhecimento?"..., "Será que o homem pode ter livre arbítrio?"..., "Para que serve a ciência?" ou, até mesmo, "O que é a filosofia?".
As formas para se poder responder a estas questões não é, de forma nenhuma, uma forma científica, política ou religiosa, nem se trata de uma investigação sobre o que a maioria das pessoas pensa, ou do senso comum. Envolve, antes do mais, um exame dos conceitos relevantes, e das suas relações com outros conceitos ou teorias.
O método da listagem de discussões e problemas filosóficos tem sempre a sua limitação, e o limite, é o próprio ser. Por si só, o método não permitirá que se possa vêr aquilo que unifica os debates e as discussões. Será talvez por isso que os filósofos não costumam fazer apelo a esse método. Ao invés disso, apresentam imagens da filosofia.
Falar de filosofia é sempre um desafio interessante... e eu irei voltar ao tema.
Do que há para dizer... quanta coisa para descobrir!

01/08/09

A felicidade... o que é?

Quem não gostaria de saber dar a resposta a esta pergunta? Quantas pessoas, através dos tempos, se têm esforçado na procura de respostas para este autêntico enigma de todos os tempos?
É assim que, volta e meia lá andamos nós a dar voltas na procura dos centros de estudos que se debrucem sobre o tema, sejam eles conhecidos ou desconhecidos, consultamos pessoas que reputamos como verdadeiros sábios e, acreditem ou não, eles asseguram-nos SEMPRE que a felicidade existe e está muito pertinho de nós.
Quantas vezes recebemos de uma criança um sorriso em troca de um sorvete ou de um abraço ou de um beijo? É que as crianças são verdadeiras sábias quando, com uma simplicidade invejável, conceituam sobre aquilo que é a felicidade. No seu universo, a felicidade encontra-se nos pequeninos gestos do quotidiano, como seja aquela partida de futebol que se joga com os amigos ou a refeição onde podem comer coisas a seu gosto...
Daniel Gilbert é um professor de psicologia da Universidade de Harvard, nos EUA, que se tem dedicado a estudar a felicidade há mais de duas décadas. Para ele a felicidade é uma sensação de bem-estar: “Torna-se difícil dizer aquilo que é a felicidade, mas sei bem quando a tenho presente, porque se deixa vêr em plenitude... pois ela é simplesmente sentirmo-nos bem !”. Nas várias pesquisas que vem desenvolvendo e nos livros que escreve sobre este tema, o Dr. Gilbert mostra-nos aquilo que teimamos em não perceber no nosso dia-a-dia: A FELICIDADE NÃO É UMA SENSAÇÃO EXTERNA OU UM ESTADO DE ÊXTASE, DAQUELES QUE SE ATINGEM NOS MOMENTOS DE MAIOR PRAZER!
Estar feliz ou triste é um autêntico vai e vem. Acredito que, nos períodos mais difíceis das nossas vidas, os processos de infelicidade funcionam também como um momento de amadurecimento, onde nos é dado pensar e repensar as atitudes ou os projetos.
O psicólogo americano David Myers, do Hope College of Michigan, afirma que as pessoas perdem tempo demais a tentar encontrar explicações ou motivos para aquilo que as deixa em baixo. Ao contrário da tristeza, não há uma resposta certa ou única sobre aquilo que se deve fazer ou de que modo chegar à felicidade.
No entanto... existem pistas daquilo que nos poderá levar até à felicidade, fazendo fé naquilo que o filósofo grego Aristóteles afirmava, há mais de 2 mil anos: - "A felicidade atinge-se pelo constante exercício da virtude e não pela posse".
Mas estamos sempre a tropeçar aí, ainda tropeçamos, é essa a verdade. Na simplicidade da nossa infância, temos esse conceito muito presente.
A poetisa Adélia Prado, no seu poema "Solar", fala-nos sobre a casa da sua infância: um lugar grande, bonito, onde a família se reunia para fazer uma refeição muito simples. “A minha mãe cozinhava exactamente arroz, feijão-roxinho e molho de batatinhas. Mas... cantava”, diz-nos o poema. A poetisa regressa ao passado, à sua infância, para resgatar sentimentos de felicidade. Os cheiros e os gostos fazem parte dessa felicidade.
Acontece que, no dia-a-dia, nos confundimos perante um amanhã cheio de possibilidades e incertezas. O psicólogo israelita Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, afirma que nós passamos o tempo a julgar a nossa felicidade não pela situação actual, mas na perspectiva de poder melhorar a vida no futuro.
A felicidade não é, ao fim e ao cabo, uma posse permanente, porque não foi ainda encontrada maneira de se poder estar sempre bem.

20/07/09

Falando de Vidas Passadas

Por vezes, ainda que o não queira, dou comigo a interrogar-me: - O que nos acontece depois que morremos ? Será possível voltar-se a este mundo ? Talvez haja mais de dois terços da população mundial, das mais diversas confissões religiosas, a acreditarem que sim, mas a moderna ciência continua a persistir na rejeição dessa ideia.
Perguntará alguém: - existem ou não provas científicas sobre vidas passadas? A resposta poderá vir a ser encontrada num grupo de crianças que alguns cientistas, especialistas nas mais diversas áreas do saber, têm vindo a estudar. São crianças, ainda muito jovens, que manifestaram memórias extremamente vivas de existências e mortes, experiências das vidas vividas anteriormente à vida que actualmente vivem . Crianças que têm fornecido surpreendentes detalhes sobre algumas pessoas que jamais poderiam ter conhecido, sobre lugares em que nunca estiveram ou sobre factos que nunca terão presenciado, pelo menos nesta vida.
Um caso alerta os meus sentidos para algumas evidências. Ora atentai nele: - É um jovem casal. Conheceram-se em Israel ainda Cristo era vivo. Ela despediu-se dele junto ao Muro das Lamentações e foi com uma tristeza profunda e em pranto que o fez, deixando então a promessa selada de que um dia se irão reencontrar. Combinaram então os sinais com que se irão identificar, como os gestos soltos, os toques de mãos, os olhares misteriosos e algumas senhas bastante elaboradas e de natureza oculta, como se pertencessem a uma irmandade secreta.
A vida dela, tal como a dele, andou desencontrada durante existências infindas. Peregrinaram pela terra absolutamente sózinhos, mas em rotas diferentes, nela se perdendo vezes sem conta, sendo no universo os nómadas de si mesmos, que tentavam aparentar ser felizes, ser trágicos... e continuaram a tentar... a tentar... a tentar.
Ela procurou-o de um modo incansável, usando para tanto a varinha mágica, os mapas astrais, as bolas de cristal, o tarot, a cartomância... e tantas outras coisas mais.
E quando já tinha lançado todas as cartas e apenas lhe restava uma pequenina réstia de esperança, apenas uma pequena luz que lhe viesse dar ânimo ao espírito, viu-o lá bem no alto de uma torre... e soube-o instantâneamente, sem que fosse necessária uma parafernalia elaborada de indícios.
Bastou-lhe apenas um olhar de relance, e ela reencontrou, finalmente, alguém que se manteve imutável no tempo, pois quando o encontrou junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém nos tempos de Cristo, ela era apenas uma jovem, que ainda estava na transição da criança para a mulher... e eis que agora, no momento do reencontro, quase dois mil anos após, ela continua a ser a mesma jovem, saída da puberdade e em vias de se tornar naquilo que já então sentiu no peito: - Uma mulher feliz porque, finalmente, achou o porquê do seu reencontro com a vida.

11/07/09

RECONHECIMENTO

"...veio de Angola!"
*
Nesta terra Portuguesa
Uma frase nos consola
Ouvir dizer : "Concerteza...
Não é de cá... Veio d'Angola "!


Na Rádio e Televisão
Muita gente fez escola
E lá vem a... distinção:
"Não é de cá... veio d'Angola"!


O merceeiro da esquina
Todo o dia dá à sola
Sabe atender gente fina
"Não é de cá... veio d'Angola"!


E até na construção
Mole imensa..."verga a mola"
Vê-se logo... Pois então:
"Não é de cá... Veio d'Angola"!


Aquela moça escurinha
Que seu "mataco" rebola
Com a canastra da sardinha
"Não é de cá... Veio d'Angola"!

E àquele puto reguila
Que na rua joga à bola
Ouço gritar à má fila:
"Não é de cá... Veio d'Angola"!


Muita gente ...Lusitana
Por esse mundo se esfola
Ganhando... proveito e fama
"Não é de cá... veio d'Angola"
*
Um poema de
Joaquim de Lisboa

12/06/09

SANTO ANTÓNIO DE LISBOA

Já desde 1140 que o primeiro rei, D. Afonso Henriques, tinha a ambição de conquistar Lisboa aos Mouros, o que apenas veio a conseguir sete anos depois, em 1147, depois de ter imposto um prolongado cerco aos mouros Almorávidas e contando com o apoio dos Cruzados, que compunham um grande exército com cerca de treze mil homens cristãos que haviam vindo do Norte da Europa para combater na Terra Santa, de onde pretendiam expulsar os Muçulmanos. Eram identificados por uma cruz de pano azul ostentada sobre o peito como insígnia, de onde advinha o seu nome. Entre os anos de 1096 a 1270 houve oito Cruzadas.
Lisboa era então uma cidade cristã bastante recente quando, na Sé catedral, foi baptizado o menino Fernando Martins de Bulhões – mais tarde Santo António - , filho da fidalga D. Teresa Tavera, descendente de Fruela, rei das Astúrias e de seu marido Martinho ou Martins de Bulhões.
Subsistem algumas dúvidas quanto ao apelido do pai, bem como se seria ou não descendente de cavaleiros celtas, sabendo-se apenas que a mãe D. Teresa nascera em Castelo de Paiva e o marido numa terra das redondezas.
Viviam em casa própria no bairro da Sé quando o recém-nascido veio ao mundo, decorria o ano de 1145, apesar de haver quem aponte 1190 ou 1191 como datas de nascimento. O jovem Fernando frequentou a escola da Sé, tendo vivido com os pais e uma irmã de nome Maria, até que completou 15 anos. Com 20 anos professou nos na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. Aqui prosseguiu os estudos teológicos até que rumou a Coimbra, ao mosteiro de Santa Cruz, onde tinha à disposição a melhor biblioteca monacal do País. Em Coimbra, sendo já sacerdote, toma o hábito de franciscano no ano de 1220. Segundo os seus biógrafos, Santo António lia muito, não sendo por acaso que se tenha tornado pregador.
Sabe-se que quando começou a falar, imediatamente cativou os outros frades e a sua vida foi, a partir daquele dia, de pregador da palavra de Cristo. Percorrereu diversas regiões da actual Itália, entre 1223 e 1225. Por sugestão de São Francisco de Assis, foi mestre de Teologia em Bolonha, Montpelier e Toulouse.
Quando morreu S. Francisco , no ano de 1226, Santo António foi viver para Pádua, onde começou por fazer sermões dominicais, mas as suas palavras, tão cheias de alegorias, eram de tal modo acessíveis ao povo, crente ou não, que este começa a passar palavra e junta-se cada vez mais gente nas igrejas, desejosa de o ouvir.
Da igreja passa a pregar nos adros, para poder chegar às multidões que não param de crescer. Depois dos adros passou a falar em campo aberto, sendo aí escutado por mais de 30 mil pessoas. A sua popularidade entre os crentes é um caso raro. Há multidões que o seguem e começa a correr a fama de que faz milagres.
São os rapazes de Pádua quem tem de fazer de guarda-costas do Santo português, tais as multidão ávidas da sua palavra. As mulheres tentam aproximar-se dele para cortar uma pontinha do seu hábito de frade, para assim ficarem com uma relíquia. O bispo de Óstia, que seria mais tarde eleito Papa com o nome de Alexandre IV - veio a ser este Papa a canonizá-lo, anos mais tarde -, pede-lhe então que escreva sermões para os dias das principais festas religiosas, que já eram muitas na época. Santo António assim faz. Esses documentos escritos são hoje importantíssimos, porque Santo António, com pregador, escreveu muito pouco. Apenas lhe são atribuídos "Sermones per Annum Dominicales" - (1227-1228) e "In Festivitatibus Sanctorum Sermones" - (1230) .
Sentindo-se doente, o santo pediu que o levassem para Pádua onde pretendia morrer, mas foi no percurso de regresso, num pequeno convento de monjas Clarissas, em Arcela, que Santo António «emigrou finalmente para as mansões dos espíritos celestes». No calendário, era o dia 13 de Junho de 1231.

11/06/09

VÃO AS MARCHAS A PASSAR...

A ORIGEM DAS MARCHAS POPULARES
Em meados do século XVIII, durante o período napoleónico, os franceses lançaram a moda de dançar as marchas militares, que realizavam no mês de Junho em celebração da tomada da Bastilha, a que chamavam “marche aux falambeaux ” e em que o povo desfilava com archotes acesos na mão.
Este costume foi adoptado pelos portugueses, que lhes passaram a chamar “ a Marcha ao flambó" - numa adaptação do termo francês-, mas os portugueses substituíram os «archotes revolucionários dos franceses» por "balões de papel" e "fogos de artificio", que faziam parte dos costumes trazidos da China no século XVII, e que de há muito se usavam nos arraiais e feiras um pouco por todo o País.
E foi assim que as antigas danças e cantares de "Maio à Virgem Maria", que entretanto haviam sido proibidas, viram-se transportadas para o mês de Junho, passando então a celebrar-se as festas dos «Santos Populares», “Santo António, São João e São Pedro “.
Lisboa veste-se de rubros cravos, que são o esplendor de um mês de Junho festivo, de vasos com cheirosos manjericos nas janelas, com um cravo encarnado com uma bandeirinha hasteada com uma quadra popular escrita colocado na copa do manjerico:

Se eu fosse esse cravo vermelho
Que tu trazes sobre o teu peito
Mesmo que fosse muito velho
Não te ia guardar respeito!
*
Cravo manjerico e vaso
E uma quadra bem singela...
Tudo lhe dei... Nem fez caso!...
Pronto! Não casarei com ela
*
Acende-se uma fogueira para assar as sardinhas... mas os rapazes e raparigas saltam e bailam á sua volta até ao raiar do dia.
As alcachofras bravias, também têm um simbolismo nestas festividades, pois quem queria saber se era correspondida ou correspondido no amor pelo respectivo namorico, devia chamuscar na fogueira a alcachofra em flor, e se a alcachofra, passados alguns dias, voltasse a florir, era o sinal de que o amor era sincero e daria em casamento.
O saltar à fogueira, também servia de inspiração para versos mais jocosos:
*
Ou ela não usa calças
Ou as tem na lavadeira
Vi isso ontem à noite
Quando saltava na fogueira

07/06/09

COISAS DE MULHERES...

Por vezes, ainda que não o devesse dizer aqui e agora, pelo menos desta maneira tão sem páraquedas nem seguro de vida, fico a pensar que a mulher, nos dias que correm, não passa de mais uma atrapalhação mandada por Deus para tornar infernal a vida do mundo!
Eu disse logo que o não devia dizer, pois não tenho seguro de vida nem tampouco procuração de ninguém para meter o bedelho onde ninguém me chamou... mas sou assim e nada poderei fazer contra isso.
Estou a vêr os cabeçalhos dos jornais e pasquins mais versados em cortar na casaca dos machões ou nas matriarcas, nos Marias e nas Josés deste rincão de terra onde vivemos: "ATAQUE VIL ÀS MULHERES PREPOTENTEMENTE LANÇADO ATRAVÉS DE UM BLOG!". "ALGUÉM MAL INTENCIONADO AFIRMA QUE AS MULHERES FORAM ENVIADAS DE DEUS PARA DESTRUÍR O HOMEM!" e por aí fora!
E eu fico a cismar... afinal...
...o que significa ser mulher hoje em dia? Há respostas variáveis, que se prendem muito com a idade dessa mulher, mas há uma característica que é exigida a todas – DEVEM SER INDEPENDENTES!.
A resposta para a pergunta não me parece ser muito difícil... se não colocarmos tal palavra. É que a pergunta deverá passar a ser: O que significa, hoje em dia, ser mulher – acima de tudo – independente?
Há alguns anos, talvez pela primeira metade do século passado, as mulheres não tínham muitas opções. Ser mulher significava, na maioria dos casos, ser uma pessoa casada, que se dedicava a cuidar do lar e dos filhos, a ter especial cuidado com o marido e, pouco a pouco, com os mais velhos da família.
Aconteceu depois a revolução da pílula, do voto feminino, alguns hippies e outras revoluções no caminho... mas uma mulher precisa ser bastante mais do que isso. E aqui começam a perguntar-se: - "O que teremos de ser? O que é para nós ser independente? Já queimámos os soutiãs, decidimos por não ter filhos, não ligamos aos casamentos de pompa e circunstância e optamos pelo concubinato ou o casamento civil, visando uma saída airosa com o divórcio... quando encontramos o tal homem dos nossos sonhos, rasgámos os vestidos de noiva e abdicámos da virgindade como símbolo de virtude, vamos para os trabalhos que eram considerados "de homens de barba rija" e damos os cinco litros, acordando cedo para trabalhar fora de casa, moramos sozinhas... será que tudo isso é independência?".
É uma realidade inequívoca: - Não "precisamos" de casar virgens, ou simplesmente de casar, aturar as rabujices ou o vinho dos maridos, até porque estes não são precisos para nada! Não temos de passar as noites acordadas por causa dos filhos... porque nem precisamos deles para nada.
Votamos quando nos apetece, porque conquistámos esse direito, mas nem sabemos se o queremos exercer! Bebemos cerveja como os homens, trabalhamos à betoneira a fazer massa de cimento, falamos abertamente sobre sexo, vamos ao futebol e dizemos palavrões contra o árbitro, viajamos para qualquer parte do mundo sem ter de dar satisfações a ninguém... e fico a pensar se tudo isto será independência!
Retorno à velha questão: o que significa, afinal, ser mulher? Ser mulher significa tudo o que atrás disse... ou é o precisamente o contrário?
A alma feminina é delicada. Todas as mulheres são delicadas – as que vestem azul bébé, rosa ou madrepérola e também as que vestem preto, as que usam rímel nos olhos e as que não usam, as que cruzam as pernas quando se sentam e as que dão altas gargalhadas A alma feminina é por demais delicada e torna tudo muito cuidadoso. As mulheres, quer queiram quer não, têm o poder do cuidado. Antes não tínham muitas opções, cuidavam da casa e de tudo o que estivesse lá dentro. Hoje tem a opção de cuidarmos dela mesma.
A alma feminina é aberta, como um livro que se deixa ao lado para continuarmos a sua leitura poucos minutos após. A alma feminina tem muita força e consegue enfrentar as dores de uma maneira totalmente diferente dos homens. É como se, por mais que lhe doa, ela conseguisse passar por cima daquilo que a magoa. A mulher deixa-se calejar e aguenta a dôr estóicamente. Engole seco. Com muita delicadeza, ao de leve, senta-se e chora por aquilo que a faz sofrer. Mas há algo que a faz levantar, de forma ainda mais delicada , e a faz continuar.
Entretanto, nos dias de hoje, as mulheres tornaram-se uns seres especiais – o que faz com que os homens as olhem com mais carinho. As mulheres não percebem que a independência por elas declarada (os soutiãs, as pílulas anticoncepcionais, o não-casamento, etc.) é aquilo que as faz sentarem-se sozinhas em qualquer lugar perdido, sem perceberem aquilo que aconteceu.
Choram, mas não dizem porque o fazem Tornam-se "pesadas" porque receiam ser delicadas e deixarem de ser respeitadas. Fecham-se e deixam de ser espontâneas, para que as pessoas acreditem naquilo que ela fala. É precisamente aí que elas começam a ser fracas.
Não é o fato de não ter mais que casar, ter filhos, votar ou outras das muitas coisas que as tornam independentes. O que as torna mulheres independentes é a maneira como podem fazer as suas escolhas. Podem casar, sim, podem ter filhos, cuidar das outras pessoas, usar soutiã e não tomar a pílula. Não deixa de ser independente por isso! Continuam a ser mulheres independentes, porque o que as diferencia é a maneira como fazem tudo isso.
É isso: a mulher tem o poder da escolha e, ainda melhor, de fazer tudo isso do modo mais feminino possível.
Se antes eram os maridos e os pais que as maltratavam, hoje são elas mesmas que o fazem quando negam aquilo que lhes é característico.

15/05/09

Dia da Família

YYY
Coração de família….
*
Vida em família é vida com referência
é o nosso endereço de chegada,
assim como o é de saída,
sendo assim por toda a vida
Tudo passa, todos passam
mas família fica sempre !
É o veio da nossa substância,
pois ela é quem realmente tem importância
desde a mais nossa tenra idade,
da infância à adolescência!
De quando se amadurece
até quando se envelhece...
...de quando se casa
e uma nova família nasce…cresce.
A nossa descendência, a nossa historia...
A nossa ascendência, os nossos filhos
uma nova história, novas vidas, novas famílias!
Se ainda tiver uma, conserve-a
Se um dia a perdeu, vá atrás dela,
pois sem ela será apenas um individuo...
... mas com ela terá muito mais
do que apenas um nome,
pois terá carinho, respeito...
... e o amor de um grande coração!
Um grande coração...
...de muitos corações...
do maior dos corações:
Um coração de família….*
Y
Poema de
Joe’ A

08/05/09

...ao sabor da pena...!

Quando o sol se põe no horizonte, gosto de ficar a vêr o mar, a dança das ondas que se vão sucedendo umas às outras, espelhando-se nelas os últimos reflexos dourados emanados pelo astro-rei!
O crepúsculo, que não será dos deuses mas tem a Mão de Deus, convida a meditar, a reflectir sobre a vida que fervilha sob as águas daquela vastidão imensa de oceano, como acontece também naqueles céus tão avermelhados, cujo colorido é tão diferente daquele azul que ainda à pouco se reflectia naquela mole líquida feita turbilhão constante, umas vezes murmurando, outras rugindo e outras ainda atroando os ares com gritos de uma fúria incontida, porque o vento as não deixa acalmar.
Lá longe, naquela linha onde parece acabar o mundo, uma sombra de algum navio fumegante vai passando, parecendo estar com pressa em chegar às terras do ocaso, talvez para não deixar fugir o calor benfazejo que parece ter ido de férias para países imaginários, onde o sol brilha...brilha...brilha...
Mas sei que o amanhã virá e com ele nascerá um novo dia! O sol voltará a iluminar toda a terra, os pássaros sulcam os ares e vão trinando lindos cantares que inebriam, tal como inebria o cheiro das flores que crescem no prado, onde apascenta, tranquilamente, um rebanho de ovelhas alvas como a neve!
Neste meu momento intimista, quem havia de dizer que me emociona a obra maravilhosa da Natureza? É que n'ela vejo toda a extensão da obra do Criador, não entendendo como é possível alguém não vêr ali a mão de Deus!
As aves voam... os peixes vão saltitando nas salsas ondas do mar, as pessoas vão regressando aos lares, procurando o justo descanso do guerreiro que findou a peleja do dia-a-dia. Um sino, algures na torre de uma igreja, toca as Trindades e eu vejo-me, mentalmente, a recitar as Avé- Marias!
No ocaso de um dia que findou, revejo o filme dos meus dias de esperança ou de angústia, de alegria ou de tristeza! Vejo como é bom amar em plenitude, doar-me por inteiro àquilo em que acredito!
E eu... ACREDITO NA VIDA!!!

02/05/09

O DIA DA MÃE...

Para Sempre
*
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

01/05/09

Dia do Trabalhador...

Não pode deixar de se considerar curioso o facto de se estar hoje a comemorar em Portugal o Dia Mundial do Trabalhador, tendo-se em conta o haver mais de meio milhão de desempregados no País, com empresas conceituadas a entrarem em falência cada dia que passa, como se não bastasse já o encerrarem as pequenas e médias empresas, que são o suporte mais importante para a sustentação do mercado de trabalho.
A fome está implementada em Portugal, há um número cada vez mais avassalador de novos pobres, muitos deles "envergonhados", que não deixam fácilmente uma imagem da realidade quotidiana, vivendo em silêncio as dificuldades que se lhes apresentam.
Hoje é Dia do Trabalhador,,, mas é irónico comemorar-se quando não há trabalho mas sim desemprego. Que alegria poderá ser suscitada pela razão aduzida de haver uma trágica realidade com que nos confrontamos: NÃO HÁ TRABALHO!
Em Portugal, só a partir de Maio de 1974, após a revolução do 25 de Abril, é que se voltou a comemorar o Primeiro de Maio de uma forma livre, passando este a ser feriado. Durante o regime do Estado Novo, a comemoração deste dia era, muitas vezes, reprimida pela polícia.
O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país, sobretudo com manifestações, comícios ou festas de carácter reivindicativo, que são promovidas pela central sindical CGTP-Intersindical (Confederação Geral dos Trabalhadores Portuguêses - Intersindical) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores).
No Algarve, é costume as populações fazerem pic-nics e são organizadas algumas festas por toda a região.
Esperamos que outros dias 1º. de Maio sejam mais propícios para a comemoração condigna que esta data merece.

24/04/09

35 anos da Revolução de Abril


um outro 25 de abril
*
descrevo o voo da ave
na palavra que se quer una,
meu amor,
no corpo do melro negro,
de bico laranja,
há solfejos do nosso luto
e nas notas soltas
do meu sorriso/farpa
move-se o espanto do animal,
ferido de morte
[o canto maior do sonho sabe a nós]
meu amor:
tudo o mais
é o gesto inacabado
dum adeus às madrugadas,
confiantes, de um outro Abril.
*
Poesia de
Autor desconhecido