14/10/09

EM BUSCA DE UM SONHO...

Portugal é um país em busca de sonhos... porque somos gente que procura ser feliz, ainda que o não pareça!
Quando a guerra no Ultramar pedia gente para o sacrifício, os Portugueses optaram por se sacrificar mas por algo que lhe fosse mais rentável sem pedir o sacrifício da própria vida... ainda que os caminhos da emigração fossem agrestes e, muitas das vezes, não se coibiam de pedir aos jovens, que iam "de salto" para as terras gaulesas, um preço alto pela dita de não ir para a guerra.
A sina estava traçada nas linhas da vida do Povo Português, muitas vezes me perguntando se não haveria aí uma "vingança" do Adamastor, das Ninfas do Tejo, dos Velhos do Restelo, que terão arranjado uma qualquer macumba capaz de, pelos tempos fora, obrigar os Portugueses a ter de viver fora da sua terra, do seu torrão Pátrio, vivendo num sortilégio em que o fado será a marca indelével da nossa saudade!
Somos um País de emigrantes... ontem para o Brasil... para a África... para a França... a Alemanha... a Venezuela... a África do Sul... a Austrália, mas o reverso da medalha está a acontecer e nós, ontem calcorriando as sete partidas do mundo em busca da felicidade, da concretização do sonho lusitano, também somos hoje país de acolhimento, mesmo que não tenhamos nada para oferecer, mas sempre capazes de fazer valer o velho aforismo de que o pobre dá mesmo o que não tem, pois partilhar é da sua índole!
Dirá alguém mais avisado: "ENTÃO A NOSSA FELICIDADE É MORRER DE SAUDADE? E SERÁ VERDADE QUE SE MORRE MESMO COM TAL SENTIMENTO?" Bem... o fado diz que não se morre de saudade, mas não acredito que seja cantado por alguém que alguma vez estivesse na situação de sentir verdadeiramente o que é a saudade! O emigrante, pela sua maneira de ser e estar na vida, é um animal saudoso, que apenas sonha com o momento em que voltará a ouvir as "Avé Marias" soarem no campanário da sua aldeia, poderá estar à lareira, nas noites de invernia, a sentir o doce calor vindo do tronco que arde em chamas brilhantes que crepitam, alegres, como se sentissem que ele estava saudoso daquele momento.
E então recorda o velho Prior, que o baptizou, o cachorro fiel, que é agora um animal no declinío da vida, mas antes fora o seu companheiro de brincadeiras, quando corriam pelos valados da terra natal.
Alguns amigos já partiram, levados pela idade, pela doença ou pela guerra, e outros foram crescendo, casaram, tiveram filhos... É o mundo que se renova, muitas vezes sem dar azo a que os sonhos se cumpram, porque o mundo pula e avança, no dizer do Poeta, mas a esperança é sempre renovada!
E é o sonho que comanda a vida, não podemos duvidar! Quando regressamos - se regressar-mos - fazemos a avaliação do que foi a nossa vida na diáspora e perguntamos: VALEU A PENA? Também o Poeta nos diz: "TUDO VALE A PENA..."

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