12/06/09

SANTO ANTÓNIO DE LISBOA

Já desde 1140 que o primeiro rei, D. Afonso Henriques, tinha a ambição de conquistar Lisboa aos Mouros, o que apenas veio a conseguir sete anos depois, em 1147, depois de ter imposto um prolongado cerco aos mouros Almorávidas e contando com o apoio dos Cruzados, que compunham um grande exército com cerca de treze mil homens cristãos que haviam vindo do Norte da Europa para combater na Terra Santa, de onde pretendiam expulsar os Muçulmanos. Eram identificados por uma cruz de pano azul ostentada sobre o peito como insígnia, de onde advinha o seu nome. Entre os anos de 1096 a 1270 houve oito Cruzadas.
Lisboa era então uma cidade cristã bastante recente quando, na Sé catedral, foi baptizado o menino Fernando Martins de Bulhões – mais tarde Santo António - , filho da fidalga D. Teresa Tavera, descendente de Fruela, rei das Astúrias e de seu marido Martinho ou Martins de Bulhões.
Subsistem algumas dúvidas quanto ao apelido do pai, bem como se seria ou não descendente de cavaleiros celtas, sabendo-se apenas que a mãe D. Teresa nascera em Castelo de Paiva e o marido numa terra das redondezas.
Viviam em casa própria no bairro da Sé quando o recém-nascido veio ao mundo, decorria o ano de 1145, apesar de haver quem aponte 1190 ou 1191 como datas de nascimento. O jovem Fernando frequentou a escola da Sé, tendo vivido com os pais e uma irmã de nome Maria, até que completou 15 anos. Com 20 anos professou nos na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. Aqui prosseguiu os estudos teológicos até que rumou a Coimbra, ao mosteiro de Santa Cruz, onde tinha à disposição a melhor biblioteca monacal do País. Em Coimbra, sendo já sacerdote, toma o hábito de franciscano no ano de 1220. Segundo os seus biógrafos, Santo António lia muito, não sendo por acaso que se tenha tornado pregador.
Sabe-se que quando começou a falar, imediatamente cativou os outros frades e a sua vida foi, a partir daquele dia, de pregador da palavra de Cristo. Percorrereu diversas regiões da actual Itália, entre 1223 e 1225. Por sugestão de São Francisco de Assis, foi mestre de Teologia em Bolonha, Montpelier e Toulouse.
Quando morreu S. Francisco , no ano de 1226, Santo António foi viver para Pádua, onde começou por fazer sermões dominicais, mas as suas palavras, tão cheias de alegorias, eram de tal modo acessíveis ao povo, crente ou não, que este começa a passar palavra e junta-se cada vez mais gente nas igrejas, desejosa de o ouvir.
Da igreja passa a pregar nos adros, para poder chegar às multidões que não param de crescer. Depois dos adros passou a falar em campo aberto, sendo aí escutado por mais de 30 mil pessoas. A sua popularidade entre os crentes é um caso raro. Há multidões que o seguem e começa a correr a fama de que faz milagres.
São os rapazes de Pádua quem tem de fazer de guarda-costas do Santo português, tais as multidão ávidas da sua palavra. As mulheres tentam aproximar-se dele para cortar uma pontinha do seu hábito de frade, para assim ficarem com uma relíquia. O bispo de Óstia, que seria mais tarde eleito Papa com o nome de Alexandre IV - veio a ser este Papa a canonizá-lo, anos mais tarde -, pede-lhe então que escreva sermões para os dias das principais festas religiosas, que já eram muitas na época. Santo António assim faz. Esses documentos escritos são hoje importantíssimos, porque Santo António, com pregador, escreveu muito pouco. Apenas lhe são atribuídos "Sermones per Annum Dominicales" - (1227-1228) e "In Festivitatibus Sanctorum Sermones" - (1230) .
Sentindo-se doente, o santo pediu que o levassem para Pádua onde pretendia morrer, mas foi no percurso de regresso, num pequeno convento de monjas Clarissas, em Arcela, que Santo António «emigrou finalmente para as mansões dos espíritos celestes». No calendário, era o dia 13 de Junho de 1231.

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