Portugal é um país de emigração e imigração, razão porque se costuma afirmar que "ficou pelo mundo em pedaços repartido". Sabemos que a emigração no nosso País se iniciou cerca do ano de 1425, quando foi iniciada a colonização da ilha da Madeira, que havia sido descoberta e não era habitada.
Depois da aventura madeirense e tomando como exemplo a Família Real, que se havia mudado de armas e bagagens para as terras de Vera Cruz, os portugueses escolheram como destino o Brasil - o que ainda acontece, na actualidade - até que, com o fim da II Guerra Mundial, começou o êxodo das nossas gentes para países como a França, a Alemanha, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Venezuela, a África do Sul, os Estados Unidos, o Canadá ou a Austrália.
É ponto assente que a emigração portuguesa foi orientada, de forma especial, para o Brasil, a partir de 1855, atingindo-se o número de 194.021 emigrantes entre os anos de 1905 e 1909. Havia denúncias de a emigração ser um flagelo social que se acentuara na segunda metade do século XIX, mas não há indicativos seguros de que o clamor se não devesse atribuír à intensificação da saída de braços necessários como mão-de-obra para a nossa agrícultura, no dizer dos empresários agrícolas.
Este problema foi por demais debatido após 1870, quando a expansão das áreas cultivadas e o replantio dos vinhedos, que haviam sido destruídos pela filoxera, exigiam um maior número de trabalhadores agrícolas.
Os nossos governantes sabiam que a emigração tinha uma raíz difícil de extirpar, que estava bem à vista: A MISÉRIA QUE GRASSAVA NA VIDA DOS CAMPOS!
Só que a falta de mão de obra rural estava a provocar a alta dos salários agrícolas e isso era considerado ruinoso para os proprietários. Fez-se então um inquérito parlamentar à emigração... e as conclusões foram de que não era a penúria e a falta de emprego a provocar a emigração, uma vez que no Minho se lutava contra a falta de braços , mas o Alentejo estava a receber gentes das Beiras nas épocas de maior faina agrícola, pelo que na origem da emigração estaria latente o desejo de... enriquecer!
Alexandre Herculano bem se insurgiu contra esta visão das coisas, escrevendo diversos trabalhos nesse sentido, onde sustentava que as causas eram realmente a miséria nos campos e a insuficiência dos salários, situação que, no seu entender, deveria ser corrigida associando os assalariados agrícolas à posse das terras.
A grande maioria dos emigrantes portugueses destinou-se ao Brasil, para onde os levava a tradição vinda do século XVII, a par da facilidade de uma língua comum... e do trabalho profícuo dos "engajadores" que recrutavam trabalhadores para as explorações agrícolas do Brasil.
Muitos trabalhadores, oriundos do Norte e das Beiras, foram vítimas desta propaganda dos agentes, que lhes propunham contratos de parceria agrícola em que o salário era constituído por metade do produto líquido do trabalho durante o primeiro ano, sendo que a viagem seria um adiantamento a deduzir desse salário, tal como acontecia com a alimentação, se fosse fornecida pelo proprietário.
Estes trabalhadores trabalhavam em grupos, nas fazendas do interior, e viviam em sanzalas, sobre orientação de antigos capatazes de escravos... pois apenas do ponto de vista jurídico os emigrantes eram distinguidos da escravatura. Os "pactos de parceria" que pareciam aos camponeses minhotos um caminho para a riqueza, não lhes deixavam, muitas das vezes, recursos para fazerem o regresso à Pátria.
O Brasil daqueles tempos era a "árvore das patacas"... mas também o "cemitério dos portugueses!
***CONTINUA***
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