07/06/09

COISAS DE MULHERES...

Por vezes, ainda que não o devesse dizer aqui e agora, pelo menos desta maneira tão sem páraquedas nem seguro de vida, fico a pensar que a mulher, nos dias que correm, não passa de mais uma atrapalhação mandada por Deus para tornar infernal a vida do mundo!
Eu disse logo que o não devia dizer, pois não tenho seguro de vida nem tampouco procuração de ninguém para meter o bedelho onde ninguém me chamou... mas sou assim e nada poderei fazer contra isso.
Estou a vêr os cabeçalhos dos jornais e pasquins mais versados em cortar na casaca dos machões ou nas matriarcas, nos Marias e nas Josés deste rincão de terra onde vivemos: "ATAQUE VIL ÀS MULHERES PREPOTENTEMENTE LANÇADO ATRAVÉS DE UM BLOG!". "ALGUÉM MAL INTENCIONADO AFIRMA QUE AS MULHERES FORAM ENVIADAS DE DEUS PARA DESTRUÍR O HOMEM!" e por aí fora!
E eu fico a cismar... afinal...
...o que significa ser mulher hoje em dia? Há respostas variáveis, que se prendem muito com a idade dessa mulher, mas há uma característica que é exigida a todas – DEVEM SER INDEPENDENTES!.
A resposta para a pergunta não me parece ser muito difícil... se não colocarmos tal palavra. É que a pergunta deverá passar a ser: O que significa, hoje em dia, ser mulher – acima de tudo – independente?
Há alguns anos, talvez pela primeira metade do século passado, as mulheres não tínham muitas opções. Ser mulher significava, na maioria dos casos, ser uma pessoa casada, que se dedicava a cuidar do lar e dos filhos, a ter especial cuidado com o marido e, pouco a pouco, com os mais velhos da família.
Aconteceu depois a revolução da pílula, do voto feminino, alguns hippies e outras revoluções no caminho... mas uma mulher precisa ser bastante mais do que isso. E aqui começam a perguntar-se: - "O que teremos de ser? O que é para nós ser independente? Já queimámos os soutiãs, decidimos por não ter filhos, não ligamos aos casamentos de pompa e circunstância e optamos pelo concubinato ou o casamento civil, visando uma saída airosa com o divórcio... quando encontramos o tal homem dos nossos sonhos, rasgámos os vestidos de noiva e abdicámos da virgindade como símbolo de virtude, vamos para os trabalhos que eram considerados "de homens de barba rija" e damos os cinco litros, acordando cedo para trabalhar fora de casa, moramos sozinhas... será que tudo isso é independência?".
É uma realidade inequívoca: - Não "precisamos" de casar virgens, ou simplesmente de casar, aturar as rabujices ou o vinho dos maridos, até porque estes não são precisos para nada! Não temos de passar as noites acordadas por causa dos filhos... porque nem precisamos deles para nada.
Votamos quando nos apetece, porque conquistámos esse direito, mas nem sabemos se o queremos exercer! Bebemos cerveja como os homens, trabalhamos à betoneira a fazer massa de cimento, falamos abertamente sobre sexo, vamos ao futebol e dizemos palavrões contra o árbitro, viajamos para qualquer parte do mundo sem ter de dar satisfações a ninguém... e fico a pensar se tudo isto será independência!
Retorno à velha questão: o que significa, afinal, ser mulher? Ser mulher significa tudo o que atrás disse... ou é o precisamente o contrário?
A alma feminina é delicada. Todas as mulheres são delicadas – as que vestem azul bébé, rosa ou madrepérola e também as que vestem preto, as que usam rímel nos olhos e as que não usam, as que cruzam as pernas quando se sentam e as que dão altas gargalhadas A alma feminina é por demais delicada e torna tudo muito cuidadoso. As mulheres, quer queiram quer não, têm o poder do cuidado. Antes não tínham muitas opções, cuidavam da casa e de tudo o que estivesse lá dentro. Hoje tem a opção de cuidarmos dela mesma.
A alma feminina é aberta, como um livro que se deixa ao lado para continuarmos a sua leitura poucos minutos após. A alma feminina tem muita força e consegue enfrentar as dores de uma maneira totalmente diferente dos homens. É como se, por mais que lhe doa, ela conseguisse passar por cima daquilo que a magoa. A mulher deixa-se calejar e aguenta a dôr estóicamente. Engole seco. Com muita delicadeza, ao de leve, senta-se e chora por aquilo que a faz sofrer. Mas há algo que a faz levantar, de forma ainda mais delicada , e a faz continuar.
Entretanto, nos dias de hoje, as mulheres tornaram-se uns seres especiais – o que faz com que os homens as olhem com mais carinho. As mulheres não percebem que a independência por elas declarada (os soutiãs, as pílulas anticoncepcionais, o não-casamento, etc.) é aquilo que as faz sentarem-se sozinhas em qualquer lugar perdido, sem perceberem aquilo que aconteceu.
Choram, mas não dizem porque o fazem Tornam-se "pesadas" porque receiam ser delicadas e deixarem de ser respeitadas. Fecham-se e deixam de ser espontâneas, para que as pessoas acreditem naquilo que ela fala. É precisamente aí que elas começam a ser fracas.
Não é o fato de não ter mais que casar, ter filhos, votar ou outras das muitas coisas que as tornam independentes. O que as torna mulheres independentes é a maneira como podem fazer as suas escolhas. Podem casar, sim, podem ter filhos, cuidar das outras pessoas, usar soutiã e não tomar a pílula. Não deixa de ser independente por isso! Continuam a ser mulheres independentes, porque o que as diferencia é a maneira como fazem tudo isso.
É isso: a mulher tem o poder da escolha e, ainda melhor, de fazer tudo isso do modo mais feminino possível.
Se antes eram os maridos e os pais que as maltratavam, hoje são elas mesmas que o fazem quando negam aquilo que lhes é característico.

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