15/06/11

Real Abadia de Stª. Maria de Alcobaça

No Distrito de Leiria podem ser encontrados alguns dos mais belos exemplares da arquitectura religiosa, como é o caso do Mosteiro de Alcobaça que foi mandado eregir por el-Rei D. Afonso Henriques, sendo doado à Ordem de Cister em cumprimento de uma promessa feita pela vitória tida contra ou Mouros, quando na tomada de Santarém.
Com esta doação o monarca juntava à sua fé religiosa a estratégia política que tinha delineado, consubstanciada no repovoamento e desenvolmento do território.
Os monges brancos chegaram ao local logo na década de 1150, tendo abandonado a Abadia Velha apenas em 1222. Ajudaram a erguer a nova Abadia e dedicavam-se, simultâneamente, aos trabalhos agrícolas, pois era deste trabalho que tiravam todo o seu sustento.
Mas também dedicavam parte importante às letras, sendo nesta Abadia que o Rei D. Dinis veio a fundar o "Estudo Geral", antecessor da  Universidade de Coimbra.
Os cistercienses tiveram um papel pioneiro na Europa no que respeita à expansão de novas formas construtivas, respeitando sempre os valores da austeridade e pureza, que eram promovidos pela doutrina de São Bernardo. Na igreja podemos vêr estes valores patentes na opção por um repertório decorativo de vegetalismos bastante simples para os capitéis, de tendência coimbrã, e na ordenação despojada dos tramos do corpo. A Ordem copiou da Abadia de Claraval o terceiro modelo, que apenas foi alterado naquilo que  se tornou necessário para que pudesse ser adaptado à topografia do local, adoptando-se uma cabeceira com Capela-mor de duplo tramo, circundada por um deambulatório de nove capelas radiantes amparadas exteriormente por arcobotantes. Da primeira fase construtiva é também o transepto, o coro dos monges e todo o traçado geral do Mosteiro.

De uma segunda fase datam as naves, que se elevam quase à mesma altura, numa monumental verticalidade que é intensificada pela luz interior, que provém quase exclusivamente da enorme rosácea da entrada.. O estreito rasgamento das frestas laterais, bastante altas, e da capela-mor também dão um contributo para moderar a iluminação. Houve ainda uma terceira fase de construção, correspondente aos dois últimos tramos das naves e a fachada original, de que hoje apenas resta o portal.
Os mesmos valores de gravidade podem encontrar-se em todo o conjunto das dependências conventuais medievais, que singularmente a nível europeu, se conserva intacto: o Claustro do Silêncio, o Refeitório e a Sala do Capítulo.
Ao longo dos tempos, as sucessivas alterações feitas aqui e ali, afastaram o Convento da sobriedade defendida por S. Bernardo.
Os túmulos de D. Pedro e Dona Inês de Castro têm uma qualidade considerada sem igual a nível europeu, glorificando a micro-arquitectura de um bem elaborado gótico flamejante que despontava nas grandes catedrais europeias.
Alcobaça é um dos mais extraordinários mosteiros cistercenses medievais que sobrevive, a nível europeu, às incidências do tempo.