21/09/08

HIPÓCRATES E A HOMEOPATIA

* É dito que os princípios gerais da homeopatia foram enunciados por Hipócrates há cerca de 2500 anos. Segundo hipocrático em quatro pontos:
> Observar.
* Para Hipócrates, grande parte da arte médica consiste na capacidade de observação do médico. * A observação deve ser feita sem nenhum tipo de preconceito ou julgamento, estando o prático aberto aos relatos explícitos e implícitos do paciente.
>Estudar o doente, e não a doença.
* Este princípio, proposto no Ocidente pela primeira vez no tempo de Hipócrates, assentou as bases da holística, estabelecendo que na compreensão do processo saúde/enfermidade não se divide a pessoa em sistemas ou órgãos, devendo-se avaliar a totalidade sintética do indivíduo. Este ponto é essencial no entendimento das históricas divergências entre as escolas de Cós (cujo expoente principal é o próprio Hipócrates) e de Cnido. Esta última pregava a especialização, a impessoalidade, o organicismo e a classificação das doenças.
> Avaliar honestamente.
* Dá-se importância à leitura prognóstica dos problemas da pessoa.
> Ajudar a natureza.
* A função precípua do médico é auxiliar as forças naturais do corpo para conseguir a harmonia, isto é, a saúde.
* Esses princípios guardam evidente semelhança com as conclusões de
Samuel Hahnemann no século XVIII.
* Hipócrates foi também o primeiro a descrever as duas maneiras principais de se abordar a terapêutica
:
- Similia similibus curantur =
Semelhantes são curados por semelhantes, base terapêutica da homeopatia.
- Contraria contrariis curantur = Contrários são curados por contrários. Princípio seguido por
Galeno que estabeleceu as bases da alopatia.
* A visão integradora de
Hipócrates permeia toda a sua obra, cujos textos mais conhecidos são Aforismos e Juramento. A saúde, para ele, é resultado da harmonia entre os quatro humores presentes no corpo e da interação da pessoa com o meio. Higiene, dieta, exercícios físicos, clima e outras circunstâncias são levadas em consideração na avaliação da saúde. O adoecimento obedece a três estágios facilmente reconhecíveis por um observador atento: degeneração (desequilíbrio) dos humores, cocção e crise. Não dá importância à classificação das doenças, levando muito mais em conta a pessoa e seu contexto. Na terapêutica é parco no uso de medicamentos, interferindo somente nos momentos considerados necessários, quando a natureza o indicar. Ficou muito conhecido no seu tempo por sua honestidade científica e na relação com os pacientes e seus familiares, insistindo na necessidade de se trabalhar com a verdade e de se fazer a leitura do prognóstico do estado de saúde. Estabeleceu as bases da ética nas relações entre médicos, entre médico e discípulos e entre médicos e pacientes.
- De Hipócrates a Paracelso
* Os séculos seguintes apresentaram preponderância crescente das crenças de
Cnidos e das práticas de Galeno, chegando ao dogmatismo. O establishment da Antigüidade e, posteriormente, da Idade Média, não permitia qualquer tipo de oposição às idéias galênicas que reinaram quase absolutas por quinze séculos. Galeno ficou conhecido por seus preparados farmacêuticos que incluíam várias substâncias em cada um deles. Sua teriaga, uma de tantas misturas preparadas, chegou a ter mais de setenta ingredientes em sua composição até a época de sua morte. Na Idade Média o preparado já continha mais de cem substâncias, sendo usado como antídoto universal.
* Até o final do Século XIX a teriaga estava registrada nas farmacopéias oficiais de vários países europeus.

17/09/08

A HOMEOPATIA...


* --- Inventada em finais do séc. XVIII por Samuel Hahnemann, a homeopatia não tem a idade respeitável da acupunctura. Beneficia, no entanto, da experiência de mais gerações do que muitas outras ditas "paralelas".
---
* --- A teoria homeopática*
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* --- O princípio da semelhança.
------Se determinada substância provoca certos sintomas num indivíduo são, é capaz de curar os mesmos sintomas numa pessoa atingida por uma doença. É um tipo de raciocínio muito antigo: o espírito humano descobre (ou julga descobrir) certas analogias entre diferentes elementos do seu meio ambiente e procura tirar conclusões a partir delas. Este princípio explica a minúcia com que o homeopata estuda os mínimos sintomas do seu paciente, a fim de encontrar o medicamento homeopático que se lhe adequa exactamente. Conhecem-se os sintomas que uma susbtância provoca no inidividuo são: fizeram-se ensaios voluntários. No entanto, os resultados nem sempre foram estudados de forma científica, no sentido estrito do termo.
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* ----- Os outros princípios.
------- O homeopata que leva a sua lógica ao ponto de sistematicamente não dar senão um medicamento homeopático ao paciente é chamado "unicista". Aquele que, pelo contrário, prescreve sempre, vários, é chamado "pluralista". Há por vezes grandes batalhas entre estas duas escolas, mas muitos profissionais sustentam uma posição intermédia. A homeopatia pode teoricamente tratar todas as doenças: o seu único limite é a existência de métodos mais eficazes. O vocabulário particular, utilizado nomeadamente no caso das doenças crónicas (miasmas, diáteses, etc.) provêm da medicina antiga.
* --- O método homeopático baseia-se na diluição das substâncias activas. Com efeito, estas são extremamente diluidas antes de serem distribuídas ao público, a fim de eliminar quase todos os efeitos tóxicos. Para lá da diluição chamada 12 CH (diluição a 1/100, 12 vezes seguidas) não há cientificamente persistência de qualquer matéria ou de qualquer molécula; os homeopatas utilizam com frequência, mas não obrigatoriamente, estas diluições extremas e estâo convencidos da sua eficácia, embora ainda não existam provas científicas dela.
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* --- A prática
*--
------- Em princípio, qualquer substância, seja ela qual for, pode ser benéfica, desde que provoque sinais no indivíduo são. Assim, a homeopatia utiliza os três reinos - vegetal, animal e mineral.
* --- A forma de administração mais corrente é o "grânulo", esfera com alguns milímetros de diâmetro, constituída por sacarose e lactose, impregnada pelo medicamento. Colocam-se, por exemplo, três "grânulos" debaixo da língua três vezes por dia. Esta via de administração também é utilizada para certos medicamentos alopáticos, porque a substância entra directamente em circulação sem sofrer os ataques do tubo digestivo. Outra forma frequentemente usada é o "glóbulo"ainda mais pequeno que o "grânulo", disponível em tubo, que é tomado de uma só vez por semana.
* --- Devido à obrigação de eficácia (nos limites dos conhecimentos actuais), a homeopatia é reservada às doenças relativamente benignas. Os seus promotores consideram-na eficaz contra as dores, a fadiga, certas afecções reumáticas, cutâneas, gastrintestinais, alérgicas, psicológicas, etc. As perturbações a tratar devem ser funcionais, isto é, sem lesão de orgão e devidas a uma anomalia de funcionamento. Inversamente, quanto mais orgânicas forem, ligadas à existência de uma lesão, mais a homeopatia deve ceder o passo a outras técnicas.
* --- A consulta baseia-se sobretudo no interrogatório, o exame propriamente dito é sucinto.
* ---
* --- Mais ou menos reconhecida, a homeopatia é ensinada em algumas faculdades de Medicina da Europa. O seu exercicio é aí reservado aos médicos, depois de três anos de estudos especializados.
------Talvez seja chegado o tempo para se divulgar tudo aquilo que têm sido as descobertas científicas, no campo da homeapatia, que tem a sua raíz nas tradições naturalistas dos nossos ancestrais, que conheciam os efeitos terapêuticos de muitas das ervas que crescem nos nossos campos... e lhes davam utilização no dia-a-dia do lar. Durante séculos, a ervanária serviu como lenitivo para muitas maleitas. A homeopatia, seguindo os mesmos princípios curativos, poderá ser um lugar importante na medicina curativa.
* --- Em Portugal, o exercício da homeopatia não está ainda regulamentado.

15/09/08

PODE SER...

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Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.
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Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
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Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
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Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
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Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente
Sendo único e inesquecível cada momento
Que junto viveremos e nos lembraremos para sempre.
Albert Einstein
Há duas formas para Viver a vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
Outra é acreditar que todas as coisas são um milagre

12/09/08

A ARÁBIA ... TANTO PARA CONTAR...

- Quando se fala da Arábia, logo nos vêm à memória as histórias do Ali Babá, do Ladrão de Bagdad ou do Sir Lawrence da Arábia... mas estas são apenas histórias de encantar ou feitas para o cinema, porque a realidade é bastante mais entusiasmante que histórias para o serão... em casas onde não existe televisão!
- A arqueologia tem mostrado mundos inimagináveis esquecidos na poeira dos tempos ... e dos desertos que constituem grande parte do Oriente médio. Mas vamos continuar a história, não das Mil e Uma Noites da mítica Sherazade, mas da Arábia real, misteriosa, antiga até se dizer chega!
- No II milénio a.C., domestica-se o camelo e, anos mais tarde, inventa-se uma escrita alfabética. Na segunda metade do I milénio, nascem, na Arábia do Sul, estados organizados, entre os quais os reinos de Hadramaout e de Saba (séculos IX a.C. a I d.C.). Os negociantes da Arábia do Sul monopolizam o comércio entre a Índia e o Ocidente, mas as trocas declinam por volta do II milénio a.C. Os beduínos da Arábia do Norte, por seu turno, praticam uma economia tão precária que não pode ser auto-suficiente. Os oásis do Hedjaz são activos centros de comércio.
- Com a presença romana no Oriente, nos séculos II a.C. a IV d.C., desenvolveram-se, nos terminais das rotas de caravanas, as celebradas cidades-estados: Petra, que foi primeiro a capital dos Nabateus e depois, a capital da província romana da Arábia (ano 106 d.C.), Bosra e Palmira (século III). Nos séculos IV e V, o declínio do comércio coincidiu com a decadência de Roma e a desorganização da Arábia do Sul.
- A expansão do cristianismo e do judaísmo, levou a que Meca e o seu centro de peregrinação em torno da Caaba e da Pedra Negra, se desenvolvesse, graças ao próspero comércio dos Coraixitas. O Profeta Maomé começou a pregar no início do século VII e estas pregações, depois de reunidas no Alcorão, mostraram ser capazes de unir a Arábia em torno de uma nova religião, dando um novo impulso à expansão para as terras mais ricas, que era a eterna vocação dos nómadas.
- Yathrib (Medina), para onde a comunidade teve de emigrar, decorria o ano de 622, veio a transformar-se no centro do Islão. No ano de 630, as tribos de toda a península já estão todas convertidas ao Islamismo.
- Iremos continuar esta história, pois é como a Nau Catrineta... "tem muito que contar!..."

10/09/08

HISTÓRIA DAS ARÁBIAS...?

"Mapa do bezerro" encontrado na Península de Omã
***
- A Arábia, que constitui uma ponte entre a África e a Ásia, tem um interesse arqueológico capital, principalmente no que se refere às fases mais antigas da pré-história. Na gruta de al-Guzaha (Hadramut), no Iémen, os níveis terão um milhão de anos e há mençãode inúmeros locais de tipo mustierense, em toda a península.
- O período Neolítico está representado em várias regiões onde outrora se desenvolveu a agricultura e a criação de gado, sobretudo de bovinos. A arte rupestre, muito rica, nomeadamente na região de Sada, inclui numerosas representações de bovídeos. Aliás, a presença de cerâmica pintada, proveniente da cultura de Obeid, na Mesopotâmia, demonstra que houve contactos marítimos regulares entre esta região e a costa do Golfo, a partir do V milénio antes da nossa era.
- Os primeiros "sítios" da Idade do Bronze datam de 3.000 a.C.Na Península de Omã encontramos Bat, Hili e Mayar, que são verdadeiros oásis onde as bases de subsistência assentavam na agricultura de regadio e no aproveitamento dos recursos proporcionados pelas palmeiras. O cobre das montanhas de Omã, que desde aquela data se exporta para as cidades da Suméria e para as aldeias da costa de Ras al-Djunayz, é um elemento i9mportantíssimo no desenvolvimento do comércio marítimo no oceano Índico.
- A partir do III milénio a.C., a região, além de manter os contactos com a Suméria, estabelece-os igualmente com a civilização do Indo. Na Idade do Bronze (III-II milénio a.C.), a população das inúmeras aldeias e lugarejos do Iémen pratica uma agricultura cerealífera, principalmente o sorgo e a cevada. De resto, usa-se o cobre e a cerâmica, apresentando esta afinidades com a Palestina, mas também pela sua decoração, com as culturas do Sudão, suas contemporâneas. Atribuem-se ainda a esta época os alinhamentos de pedras dispostas verticalmente.
- Do Kuwait até ao Bahrein, desenvolveu-se a cultura de Dilmon - nome dado a esta região pelos Sumérios - que conheceu uma evolução paralela, desde finais do IV milénio. Desta cultura se conhece, em especial, a fase final, entre o ano 2200 e 1750 a.C., que se desenvolveu ao longo do litoral, desde Faylaka até ao Barhrein e ao Qatar. Os lugares têm um aspecto urbano e a cultura material, apesar de influenciada pela Mesopotâmia, apresenta muitos aspectos originais, nomeadamente os pequenos sinetes redondos chamados de "do Golfo". No II milénio, a região é denominada pelas dinastias Cassitas, da Mesopotâmia.
- Dessa história e do período pré-islâmico falarei em próximo escrito.

08/09/08

QUADRAS DA QUEIMA DAS FITAS


“Teus olhos, contas escuras,
São duas ave-marias
Dum rosário de amarguras
Que eu rezo todos os dias.
..
Amas a Nosso Senhor
Que morreu por toda a gente,
E a mim não me tens amor
Que morro por ti somente!
..
Há no mundo quem aponte
Uma mulher quando cai.
Nasce água limpa na fonte,
Quem a suja é quem lá vai.
..
Lá por ser de gente fina,
Não me tire a mim o rol.
A lua é bem pequenina
- E às vezes encobre o sol.
..
Marque bom chapéu quem manda
E neja quem obedeça.
O chapéu dos pobres anda
Mais na mão que na cabeça...”
...
Augusto Gil

07/09/08

POESIA...

***
Mar Português
***
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

***
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
***
Senhor, a noite veio e a vontade é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

***
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto cinzas a ocultou:
A mão do vento pode ergue-la ainda.

***
Dá o sopro, a aragem - ou a desgraça ou ânsia-,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistamos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

***
Fernando Pessoa

06/09/08

SONETO A QUATRO MÃOS...

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Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

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Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

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Tenho dado de amor mais que coubesse

Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

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Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano

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Vinicius de Morais