31/08/08

ENVELHECER...


ddd
Envelheço quando me fecho para as novas ideias e me torno radical.
Envelheço quando o que é novo me assusta, e a minha mente insiste em não aceitar.
Envelheço quando me torno impaciente, intransigente e não consigo dialogar.
Envelheço quando meu pensamento abandona sua casa. E retorna sem nada a acrescentar.
Envelheço quando muito me preocupo e depois me culpo porque não tinha tantos motivos para me preocupar.
Envelheço quando penso demasiadamente em mim mesmo e consequentemente me esqueço dos outros.
Envelheço quando penso em ousar e já antevejo o preço que terei que pagar pelo acto, mesmo que os factos insistam em me contrariar.
Envelheço quando tenho a chance de amar e deixo o coração que se põe a pensar: Será que vale a pena correr o risco de me dar? Será que vai compensar?
Envelheço quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta da minha alma que se põe a lamentar.
Envelheço, enfim, quando paro de lutar!
ddd

26/08/08

A ARTE DO AZULEJO DE FIGURA AVULSA

* Embora formem um tipo específico de azulejo, não seriado, estes mesmos azulejos podem ser classificados como de repetição superficial, distintos mas afins da personagem. A principal característica destes azulejos de figura avulsa, também conhecidos por outras designações, reside essencialmente no motivo ornamental solto que decora o centro, o qual tanto pode ser o único elemento decorativo do azulejo como pode ser completado por outros ornatos secundários nos cantos, ligados entre si ou isolados.
* O facto de os azulejos de figura avulsa poderem aglomerar-se e revestir qualquer área arquitectónica aproxima estes revestimentos dos seriados de repetição superficial, apesar do carácter completamente desligado e solto dos vários ornatos, valendo a sua decoração tanto pelos motivos individuais como pelo conjunto, que distingue estes azulejos da vulgar padronagem e da constante interligação da decoração, podendo mesmo considerar-se, como acentuou Santos Simões (no capítulo dedicado a este tipo de azulejos na Azulejaria em Portugal no Século XVIII), que "veio tornar o lugar do azulejo de padrão seiscentista" na primeira metade do Século XVIII.
* A figura avulsa destaca-se pelo pitoresco dos motivos, variados mas concebidos a partir de um número limitado de modelos, geralmente de representação espontânea e ingénua, por vezes com carácter caricatural, em parte devido a terem sido frequentemente pintados por crianças, que nestes trabalhos de menor responsabilidade adquiriam prática, tornando o produto mais barato. O motivo das flores foi o mais vulgar, mas muitos outros foram usados, como animais diversos (preponderando os pássaros em posições variadas, juntamente com patos, peixes, veados, gazelas, coelhos, cães, gatos e répteis), inúmeros barcos (que ocasionaram a designação bastante imprópria de "azulejos de navio", usada por Norberto de Araújo), casas, torres, moinhos, cestos com frutos ou flores, para além de motivos mais raros e de carácter fortemente caricatural ou pitoresco, como damas de leque, espadachins, fumadores de cachimbo, embuçados, figuras chinesas, frades capuchos (no Convento de São Francisco de Vila Viçosa), figuras humanas nuas (na Capela-Mor da igreja de São Martinho de Orgens, próximo de Viseu), cenas eróticas, aviões, etc.
* A produção do Porto e de Coimbra, igualmente importante, destaca-se pela irreverência e graça dos motivos, como a representação frequente de cabeças humanas de perfil com flores a sairem pela boca, nos do Porto, e o carácter anedótico dos de Coimbra.
(In "O AZULEJO EM PORTUGAL"
José Meco - Edições Alfa)

20/08/08

DIVAGANDO... poetizando...

O Firmamento
*
Glória Deus! Eis aberto o livro imenso,
O livro do infinito,
Onde em mil letras de fulgor intenso
Seu nome adoro escrito.
Eis do seu tabernáculo corrida
Uma ponta do véu misterioso:
Desprende as asas, remontando à vida,
Alma que anseias pelo eterno gozo!

Estrelas, que brilhais nessas moradas,
Quais são vossos destinos?
Vós sois, vós sois as lâmpadas sagradas
De seus umbrais divinos.
Pululando do selo onipotente.
*
Soares dos Passos

POESIA DE INÊS LOURENÇO...

Post-card
(os velhos, os pombos, os gatos)
***
Alguns habitantes queixam-se dos pombos.
Do mal que fazem às fachadas, às estátuas,
à pintura dos automóveis.
Os pombos não voam a gasolina!
E têm humaníssimos hábitos como a gula,
as rivalidades do cio, a sede e a urgência de defecar.
Detestam coleiras, gaiolas, amparos de casota,
ausência de jardins e adornos de penas alheias.
E por este divino despojamento
recebem, às vezes, algum milho
displicente dádiva de crianças para a fotografia,
ou de benignos velhos reformados.
Algumas mulheres continuam a socorrer
os antiquíssimos (e terrestres) gatos vadios.
Gatos da minha infância.
Dos muros das trazeiras,
dos quintais - o Sindbad, a Pardoca -
com restos de arroz em papéis engordurados.
Carinhosas velhas,
atentas à famélica e materna condição das ninhadas,
enquanto os pombos e os velhos debicam
espaços de pedra onde levavam asas
e entre todos assoma, por instantes,
a decaída aliança entre o Céu e a Terra.

19/08/08

POESIA PORTUGUESA


"Quero um cavalo de várias cores"

***
Quero um cavalo de várias cores,
Quero-o depressa, que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.

Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva - nimbos e cerros -
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.

Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.

Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sozinho
Sem um cavalo de várias cores?

***
Reynaldo Ferreira 1922/1959

18/08/08

O SOL ... E O VENTO...


---O Sol e o Vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte e o Vento disse:
--- - Provarei que sou o mais forte.Vês aquele velho que vem lá em baixo com um capote?Aposto como posso fazer com que ele tire o capote mais depressa do que tu.
---O Sol recolheu-se atrás de uma nuvem e o Vento soprou até quase se tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava, mais o velho segurava o capote junto a si.
---Finalmente o Vento acalmou-se e desistiu de soprar.
---Então o Sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para o velho.
---Imediatamente ele esfregou o rosto e tirou o capote.
--- O Sol disse então ao Vento que a Gentileza e a Amizade eram sempre mais fortes que a Fúria e a Força.

13/08/08

E DEPOIS...



---O ser humano é o único dotado de razão, por isso é chamado de racional.

---Ser racional é raciocinar com sabedoria, é saber discernir, é pensar, utilizando o bom senso e a lógica antes de qualquer atitude. Todavia, boa parte de nós não age com a sabedoria necessária para evitar problemas e dissabores perfeitamente evitáveis.

--De uma maneira geral, agimos antes e pensamos depois, tardiamente, quando percebemos que os resultados da nossa acção nos torna infeliz.

----Paulo, o Apóstolo, que tinha a lucidez da razão, adverte com sabedoria: "tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". Quis dizer com isso que tudo nos é permitido, mas que a razão nos deve orientar de que nem tudo nos convém.

---Do ponto de vista físico, quando comemos ou bebemos algo que nos faz mal,não pensamos no depois, mas o depois é fatal. Se nosso organismo é frágil a certos tipos de alimentos, devemos pensar nas consequências antes de ingeri-los, mesmo que a nossa vontade diga o contrário.

---Perguntemo-nos: e depois? Como será depois? Lembremos da
gaseificação, do mal estar e de outros distúrbios que daí poderão advir.

---Se temos vontade de fazer uso de drogas, sejam elas socialmente aceitas ou não, pensemos antes no depois.

---Será que suportarei corajosamente as enfermidades decorrentes desses vícios? Ou será um preço muito alto por alguns momentos de satisfação?

---Quando sentimos vontade de usar o cartão de crédito, pela
facilidade que ele oferece, costumamos pensar no depois? Pensar em como vamos pagar a conta?

---Quando recebemos o convite muitas vezes de publicidade enganosa para o consumo desenfreado, ponderamos racionalmente sobre a necessidade da aquisição, ou compramos antes para constatar, logo mais, que não necessitamos daquele objecto?

---No campo da moral não é diferente.

---Quando surgir a vontade de gozar alguns momentos de prazer, pensemos: e depois ? Quais serão as consequências desse acto que desejo realizar? Será que as suportarei corajosamente, sem reclamar de Deus nem jogar a responsabilidade sobre os outros?

--- A velhice chega… e depois? Será que conseguimos olhar nos olhos dos nossos filhos e netos sem pensar naquilo que fizemos muitas vezes sem questionarmos o depois ?

---Desta forma, antes de tomar qualquer atitude, perguntemos a nós mesmos:

--- ... E depois?

--- Melhor que resistamos por um momento e tenhamos paz interior, do que gozar um minuto e ter o resto da vida para nos arrependermos.

11/08/08

HUMILDADE...ORGULHO....

- Com toda a certeza que já ouviu muitas vezes a palavra humildade.
---* Essa palavra é muito usada, mas nem todas as pessoas conseguem entender o seu verdadeiro significado.
- O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente.
- * Assim, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e deixar germinar no solo fértil da sua alma, a boa semente.
- A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais compartilha com a hipocrisia ou com a pieguice.
--* A humildade é a mais nobre de todas as virtudes pois somente ela predispõe o seu portador, à sabedoria real.
- O contrário de humildade é orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende.humildade defende.
--* O orgulhoso é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade.

***
Alguns exemplos talvez tornem mais claras estas reflexões:
**
----Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: "eu me enganei…", pois sua intenção é de aprender, de crescer... Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: "não foi minha culpa", porque se acha acima de qualquer suspeita.
d
----A pessoa humilde trabalha mais que a orgulhosa e por essa razão tem mais tempo.
ff
----Uma pessoa orgulhosa está sempre "muito ocupada" para fazer o que é necessário... A pessoa humilde enfrenta qualquer dificuldade e sempre vence os problemas.
ppp
----A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações e deveres...Uma pessoa humilde se compromete e realiza.
xx
-Uma pessoa orgulhosa se acha perfeita... A pessoa humilde diz: "eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser".
u-
----A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos... A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de pôr-lhes defeitos.
oo
----O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação... O orgulhoso não colabora, e sempre diz: "eu faço o meu trabalho".
hhh
----Uma pessoa humilde diz: "deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir"... A pessoa orgulhosa afirma: "sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo".
pp
----A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos... o orgulhoso as guarda para si mesmo, porque teme a concorrência.
j
---A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores.
kk
----Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade.
bbb
----O orgulhoso se diz céptico, por achar que não pode haver nada no universo que ele desconheça, o humilde reverencia ao criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece.
..
----Uma pessoa humilde defende as ideias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham... A pessoa orgulhosa defende sempre suas ideias, não porque acredite nelas, mas porque são suas.
--
----Enfim, como se pode perceber, o orgulho é uma corrente que impede a evolução das criaturas, a humildade é chave que abre as portas da perfeição .
Pense nisso !