09/07/11

"NADA ME FALTARÁ". - O "adeus" da Zézinha

Ainda não se extinguiu o sentimento de tristeza pela partida da Zézinha Nogueira Pinto e logo surge mais um dado que leva a recordar o porquê de esta grande Mulher ser tão homenageada pelos que a viram actuar nas suas tarefas do quotidiano político e não só, tal como pelos que não se dispensavam de lêr os seus trabalhos nas colunas do Diário de Notícias. O último é, na realidade, a sua despedida da terra dos vivos, por estava já cumprida a missão para que o Senhor a havia destinado.
Depois de se apresentar e nos apresentar aqueles que a precederam na constituição familiar, como os avós, os pais e até a tia/madrinha, pois de todos eles aprendeu, "desde cedo,  o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia". 
"No primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitráriamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizémos desde então uma família, com os nossos filhos -  o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos. Procurei sempre viver de acordo com os princípios que tinham a vêr com os valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria - mas também com a Justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções. Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "Não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios , nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida nem da morte."...
"Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou - mesmo quando faltava tudo."... "Gostei de trabalhar no serviço público... Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus opositores por comvicção, os meus adversários. A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi-a com racionalidade, mas também com emoção e até paixão."...
Depois de tecer algumas considerações sobre o se percurso político e a colaboração nos órgãos de comunicação social, continua, já em despedida:
..."Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé. Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor. Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará."
...
É uma premonição de morte anunciada, porque a lucidez da Maria José jamais se perdeu, até ao último suspiro. Esta crónica foi a última vontade manifestada ao seu DN.
O Jaime Nogueira Pinto até no falecimento da Esposa de tantos anos deve sentir orgulho, porque uma Mulher com a dimensão humana da Maria José Nogueira Pinto é imortal!
Que Deus a tenha no lugar dos justos, porque a Zézinha, na realidade,  combateu o bom combate e guardou a Fé. É digna da Eternidade que almejou conquistar. 

07/07/11

MORREU MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO

Morreu a Zézinha Nogueira Pinto, vitimada por um cancro no pâncreas. Tinha 59 anos e estava no Parlamento, como Deputada do PSD eleita nas últimas eleições.
D. Maria José Pinto da Cunha de Avilez Nogueira Pinto (Lisboa, 23 de Março de 19526 de Julho de 2011) foi uma jurista e política portuguesa.
Era filha de D. Luís Maria de Avilez de Almeida Melo e Castro, Conde das Galveias e Conde de Avilez, Visconde do Reguengo, e de sua mulher Maria José de Melo Breyner Pinto da Cunha e irmã da jornalista Maria João Avillez. É prima-irmã da mãe do jornalista Martim Avillez Figueiredo.
Jurista de formação, licenciou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi investigadora no Gabinete de Estudos Rurais da Universidade Católica Portuguesa e exerceu diversos cargos em instituições públicas e privadas, nomeadamente como vice-presidente do Instituto Português de Cinema, directora da Maternidade Alfredo da Costa, membro do Conselho Consultivo da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação António Quadros, representante de Portugal na Secretaria de Cooperação Ibero-Americana e provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Foi autora do livro O Direito da Terra, colaboradora da Enciclopédia Jurídica e da Enciclopédia Luso-Brasileira, colunista dos jornais Expresso, Público, A Capital e Diário Económico.
Entrou na política em 1992, como subsecretária de Estado da Cultura do XII Governo Constitucional, dirigido por Cavaco Silva. Em ruptura com Pedro Santana Lopes, por causa da célebre interdição da bancada do antigo Estádio de Alvalade, em que alegou que a placa de cobertura da pala ameaçava ruir,  demitiu-se um ano depois. Em 1996 aderiu ao Partido Popular, pelo qual era já deputada (independente) na Assembleia da República, desde 1995. Em 1998 disputou a sucessão do CDS-PP a Manuel Monteiro, acabando derrotada no congresso que elegeu Paulo Portas como líder nacional. Foi presidente do Grupo Parlamentar e do Conselho Nacional do CDS-PP e, em 2005, candidatou-se a presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Até 2007 exerceu o cargo de vereadora da Habitação Social, em Lisboa.
Em Março de 2007, entrou em conflito com o partido, aquando do eventual regresso de Paulo Portas à liderança do CDS-PP, por meio de um Conselho Nacional Extraordinário. Incompatibilizada, abandonou o CDS, depois de acusar Paulo Portas de tentar assaltar o poder  e o deputado Hélder Amaral de a agredir fisicamente.
Em 2009 integrou as listas do PSD para a Assembleia da República, sendo eleita deputada na XI Legislatura.
Em 2011, já doente, integrou as listas do PSD para a Assembleia da República, sendo eleita deputada na XII Legislatura. Cumpriu, enquanto conseguiu, o seu mandato.
Casou em Lisboa, Campo Grande, a 27 de Janeiro de 1972 com Jaime Alexandre Nogueira Pinto, de quem teve um filho e duas filhas:
                 .    Eduardo da Cunha de Avilez Nogueira Pinto
    • Maria Catarina da Cunha de Avilez Nogueira Pinto
    • Maria Teresa da Cunha de Avilez Nogueira Pinto
    Faleceu no dia 6 de Julho de 2011, aos 59 anos , vítima de cancro do pâncreas.
  • As pessoas como Maria José Nogueira Pinto, são cada vez mais raras. Nos tempos que correm, temo que cada vez as tenhamos menos junto de nós. Fico sempre com a  impressão de que essas pessoas raras, que  deixam o nosso convívio e vão rumando para outros destinos, especialmente para a Casa do Pai, lá no espaço celestial, pretendem fazer-nos pensar ser este Portugal apenas e cada vez mais, um lugar onde Deus permite possamos parar e preparar a partida sem que do passado haja penas... porque apenas ficará uma mágoa enorme por não se poderem mudar as coisas como gostariamos.
  • E a Zézinha era assim! Generosa em tudo o que fazia, coerente em tudo o que dizia, benevolente com tudo o que a magoou, amável com quem privou...
  • Descance em paz.