01/08/09

A felicidade... o que é?

Quem não gostaria de saber dar a resposta a esta pergunta? Quantas pessoas, através dos tempos, se têm esforçado na procura de respostas para este autêntico enigma de todos os tempos?
É assim que, volta e meia lá andamos nós a dar voltas na procura dos centros de estudos que se debrucem sobre o tema, sejam eles conhecidos ou desconhecidos, consultamos pessoas que reputamos como verdadeiros sábios e, acreditem ou não, eles asseguram-nos SEMPRE que a felicidade existe e está muito pertinho de nós.
Quantas vezes recebemos de uma criança um sorriso em troca de um sorvete ou de um abraço ou de um beijo? É que as crianças são verdadeiras sábias quando, com uma simplicidade invejável, conceituam sobre aquilo que é a felicidade. No seu universo, a felicidade encontra-se nos pequeninos gestos do quotidiano, como seja aquela partida de futebol que se joga com os amigos ou a refeição onde podem comer coisas a seu gosto...
Daniel Gilbert é um professor de psicologia da Universidade de Harvard, nos EUA, que se tem dedicado a estudar a felicidade há mais de duas décadas. Para ele a felicidade é uma sensação de bem-estar: “Torna-se difícil dizer aquilo que é a felicidade, mas sei bem quando a tenho presente, porque se deixa vêr em plenitude... pois ela é simplesmente sentirmo-nos bem !”. Nas várias pesquisas que vem desenvolvendo e nos livros que escreve sobre este tema, o Dr. Gilbert mostra-nos aquilo que teimamos em não perceber no nosso dia-a-dia: A FELICIDADE NÃO É UMA SENSAÇÃO EXTERNA OU UM ESTADO DE ÊXTASE, DAQUELES QUE SE ATINGEM NOS MOMENTOS DE MAIOR PRAZER!
Estar feliz ou triste é um autêntico vai e vem. Acredito que, nos períodos mais difíceis das nossas vidas, os processos de infelicidade funcionam também como um momento de amadurecimento, onde nos é dado pensar e repensar as atitudes ou os projetos.
O psicólogo americano David Myers, do Hope College of Michigan, afirma que as pessoas perdem tempo demais a tentar encontrar explicações ou motivos para aquilo que as deixa em baixo. Ao contrário da tristeza, não há uma resposta certa ou única sobre aquilo que se deve fazer ou de que modo chegar à felicidade.
No entanto... existem pistas daquilo que nos poderá levar até à felicidade, fazendo fé naquilo que o filósofo grego Aristóteles afirmava, há mais de 2 mil anos: - "A felicidade atinge-se pelo constante exercício da virtude e não pela posse".
Mas estamos sempre a tropeçar aí, ainda tropeçamos, é essa a verdade. Na simplicidade da nossa infância, temos esse conceito muito presente.
A poetisa Adélia Prado, no seu poema "Solar", fala-nos sobre a casa da sua infância: um lugar grande, bonito, onde a família se reunia para fazer uma refeição muito simples. “A minha mãe cozinhava exactamente arroz, feijão-roxinho e molho de batatinhas. Mas... cantava”, diz-nos o poema. A poetisa regressa ao passado, à sua infância, para resgatar sentimentos de felicidade. Os cheiros e os gostos fazem parte dessa felicidade.
Acontece que, no dia-a-dia, nos confundimos perante um amanhã cheio de possibilidades e incertezas. O psicólogo israelita Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, afirma que nós passamos o tempo a julgar a nossa felicidade não pela situação actual, mas na perspectiva de poder melhorar a vida no futuro.
A felicidade não é, ao fim e ao cabo, uma posse permanente, porque não foi ainda encontrada maneira de se poder estar sempre bem.

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