26/12/08

FELIZ ANO 2009



É uma época em que a maioria das pessoas deveria efectuar um balanço pessoal, profissional e social, procurando fazer uma retrospectiva do que foi a sua vida e se esse percurso estará de acordo com as expectativas que tivemos, objectivos atingidos e sonhos realizados, planeando-se então um aperfeiçoamento desses rumos ou mesmo uma mudança de paradigmas, tendo em atenção um outro estilo ou uma melhor qualidade de vida.

Costuma-se dizer nesta época de passagem de ano "Ano Novo, Vida Nova", mas será que realmente temos a coragem e a vontade de modificar alguma coisa na nossa Vida, ou simplesmente continuaremos a manter a mesma rotina do dia-a-dia e vamos deixando o tempo passar e a Vida correr, sem cuidado com o nosso bem-estar e o daqueles que nos são mais queridos e íntimos?

Esta é a altura ideal para fazer tais reflexões, mas ao mesmo tempo para nos mantermos abertos a outras ideias, estilos de vida e também de usar essas conclusões para colocar em prática aquilo que sistematicamente vamos adiando, como por exemplo ter um maior cuidado com a nossa saúde, melhorando a qualidade e a quantidade da alimentação, começar a praticar alguma actividade física moderada que de preferência englobe um estilo de vida mais saudável, visando ter mais energia, vitalidade, bem-estar, felicidade e qualidade de Vida.

Importa, isso sim, que 2009 possa ser um ano de mudança total na sociedade em que estamos inseridos, pois há muito para construír, muito para partilhar... mas será preciso vontade de viver em pleno todos os dias de um ano que queremos de felicidade e concretização dos sonhos mais capazes de fazer viver a tal vida nova que ambicionamos.

Quando chegar o ano de 2010, possa dizer-se que valeu a pena a esperança que agora pomos nas realizações mais concretas do nosso quotidiano. Paz, alegria, saúde, trabalho, solidariedade, partilha, amizade... que mais poderemos nós pedir? PAZ e SAÚDE nos bastam, porque o resto virá por acréscimo.

17/12/08

Árvore de Natal


Quisera Senhor, neste Natal,
armar uma árvore dentro do meu coração
e nela pendurar,
em vez de presentes,
os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe e os de perto.
Os antigos e os mais recentes.
Os que vejo a cada dia
ou aqueles que raramente encontro.
Os sempre lembrados
ou os que, às vezes, ficam esquecidos.
Os constantes ou os intermitentes.
Os das horas difíceis e os das horas alegres,
os que, sem querer, eu magoei,
ou, sem querer, me magoaram.
Aqueles a quem conheço profundamente
ou aqueles que não me são conhecidos ,
a não ser nas aparências.
Os que pouco me devem
ou aqueles a quem muito devo.
Meus amigos humildes
ou meus amigos importantes.
Os nomes de todos
os que já passaram pela minha vida.
Uma árvore de muitas raízes,
muito profundas
para que os seus nomes
jamais sejam arrancados do meu coração.
Com ramos muito extensos,
para que novos nomes,
vindos de todas as partes,
venham juntar-se aos existentes.
Com sombras muito agradáveis
para que a nossa amizade,
seja um aumento de repouso
nas lutas da vida.
Que o Natal esteja vivo dentro de nós,
em cada dia do ano que se inicia,
para que possamos viver sempre
o amor e a fraternidade.
*
Extraído de
Mensagem e Poemas de Natal
Autor desconhecido

12/12/08

NATAL É SOLIDARIEDADE...

Quando o Senhor mandou o Anjo anunciar a Maria que ela seria a Mãe do Salvador, esta foi solidária com o povo de Deus e deu o seu "FIAT" à proposta que lhe era dirigida- "Faça-se em mim segundo a tua palavra!"
Este SIM veio dar ao mundo uma esperança, porque "O POVO QUE ANDAVA NAS TREVAS VIU VIR UMA GRANDE LUZ...", conforme foi profetizado por Isaías. E é desta Luz do Mundo que se comemora mais um Natal. Cristo nasce sempre no coração dos Homens de Boa Vontade, porque foi esse o desígnio de Deus ao planificar o resgate do pecado do mundo, ao enviar-nos o Seu Filho Unigénito, Jesus Cristo.
No dia 25 de Dezembro, quando é chegada a meia noite em todos os países da cristandade, o Menino Deus virá, como à 2008 anos, nascendo na humildade de uma cabana de recolha de gado, deitado numa simples manjedoura e aquecido pelo bafo de dois animais simples, um burrito e uma vaca. No céu estrelado dessa noite memorável, uma multidão de anjos do Senhor entoava então este cântico de louvor; "GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS E PAZ NA TERRA AOS HOMENS POR ELE AMADOS".
Os pastores de Belém, que pelos campos apascentavam os seus gados, foram os primeiros a receber a Boa Nova do Nascimento daquele mesmo Cristo que, anos após, disse de si mesmo "EU SOU O BOM PASTOR! DOU A VIDA PELAS MINHAS OVELHAS!", porque Aquele Jesus, de quem iremos comemorar o nascimento, veio para ser sacrificado por amor aos Homens de todos os tempos.
O Advento está a passar, inexorável, e este Natal terá de ser mais uma manifestação da solidariedade entre todos nós, porque sós assim sermos dignos de dizer, uns aos outros, com o coração:

FELIZ NATAL!!! BOAS FESTAS !!!

13/11/08

AMOR E AMIZADE...


Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre AMOR e AMIZADE,
ele me disse essa verdade...
O AMOR é mais sensível,
a AMIZADE mais segura.
O AMOR nos dá asas,
a AMIZADE o chão.
No AMOR há mais carinho,
na AMIZADE compreensão.
O AMOR é plantado
e com carinho cultivado,
a AMIZADE vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande
e querida companheira.
Mas quando o AMOR é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a AMIZADE é concreta,
ela é cheia de AMOR e CARINHO.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

William Shakespeare

11/11/08

SORRI...


fff
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
fff
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
okkk
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
lll
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
bbb
Que és feliz

10/11/08

VERÃO DE S.MARTINHO E A SUA LENDA...


Havia há muito tempo um rico e valente cavaleiro chamado Martinho.
Todos os dias ele ia dar umas voltas pela cidade , a vigiar, para ver se estava tudo em ordem.
Um dia, numa das suas rondas, ele saiu debaixo de uma chuva miudinha e fria. Pelo caminho, encontrou um velho mendigo, pobre, quase nu e cheio de frio, que lhe foi pedir esmola.
Como não tinha nada para lhe dar, então tirou a capa, cortou-a ao meio com a sua espada e foi pô-la nos ombros do mendigo.
No céu logo apareceu um sol radioso e parou a chuva
Diz-se que foi um milagre e desde esse dia começaram a chamar o Verão de S.Martinho ao sol quentinho que aparece nos primeiros dias de Novembro.

08/11/08

OUTONOS...

* Quando o sol começa a aquecer menos, o tempo a escurecer, a chuva a caír, os pássaros a emigrar, as folhas a ficar amarelas... e a caír, sabemos que o Verão partiu e o Outuno chegou, cumprindo um ciclo que vai até dias antes do Natal.
* É tempo de vindimar, de fazer o vinho, da apanha da azeitona! Começa a sentir-se no ar o cheiro de castanha assada e quase toda a gente anseia pelo Verão de São Martinho, que irá proporcionar mais uns dias de tempo quente... até para não estragar a Feira da Golegã, onde a água pé, as nozes e os cavalos reina em pleno Ribatejo.
* No mês de Novembro a Igreja recorda aqueles que chegaram às honras dos altares... ou aqueles que já tiveram o seu ocaso, porque a morte os aliciou para partir deste mundo! A criançada vai de casa em casa, na manhã de todos os Santos, pedir o "Pão por Deus" ou o "Bolinho". Parecem pardais chilreando, saco às costas com guloseimas ou frutos variados, que a boa vontade das pessoas lhes vai facultando.
* O Outono não é apenas ditado pelo calendário, que muda a Natureza no cumprimento de um ciclo acontecido em cada ano! Também é Outono o entrar na curva ascendente da vida de cada um de nós, que vamos cumprindo, igualmente, o nosso ciclo de vida, que nos leva até ao descanso eterno junto ao Criador, se é essa a nossa fé, se é essa a nossa convicção. Para tanto torna-se necessário que tenhamos uma boa Primavera, com um Verão vivido em plenitude, reflectindo no Outuno aquilo que almejamos venha a ser o nosso Inverno! E na medida em que o desejemos com o coração, teremos o nosso Outono como marco para a vida plena que pretendemos venha a ser a nossa Primavera.
* No Inverno há animais que hibernam, preparando no sono retemperador a Primavera que os irá levar até aos campos verdejantes que simbolizam o renascimento para uma nova vida.
* Com o Outono, o tempo torna-se mais sombrio, o Inverno é mais escuro... mas é aqui que teremos o Natal como o sinal de que uma nova luz voltará a brilhar e o sol voltará a aquecer toda a terra, tal como Cristo o fez com todos os homens de boa vontade.

02/11/08

TODOS-OS-SANTOS...PENSANDO BEM...


... é tempo de reflexão, porque a vida é algo que necessitamos reflectir muito para que se possa dizer que vale a pena viver. Eu explico... se souber, claro.
Ontem, segundo o calendário, foi o dia de Todos-os -Santos... a que se segue o dia dos Fiéis Defuntos, que hoje se comemora.
Ora isto faz pensar... e muito. Sabemos que não há (?) Santos vivos, segundo aquilo que a Igreja considera, pois é sempre necessário esperar uns anitos para que alguém possa aspirar à dignidade dos altares, depois de morrer.
Santos vivos sabemos que os há, mas esses serão aqueles a quem vulgarmente ouvimos apelidar como um "banana", um "frouxo", um "bonzão", um "pobre diabo", "zé ninguém", "papa hóstias" ou outros epítetos mais ou menos do mesmo calibre, talvez porque não aceitamos que alguém possa ser bom apenas e tão só porque o é, caridoso ou esmoler como princípio, religioso ou crente por questões de fé e não por qualquer outra coisa "menos própria" ou aberrante.
Como princípio, "santo" será apenas quem a Igreja definiu como tal, mas também há na história aqueles cuja vida exemplar levou a que o vulgo popular os fizesse ascender à condição de "santo"... alguns ainda em vida.
E é aqui que dou comigo a pensar naquelas mulheres ou naqueles homens que vivem a santidade plena no seu quotidiano, frente a uma máquina ou a um fogão, no serviço dos outros prestado num hospital ou numa escola, numa creche ou num albergue, com um volante nas mãos ou com uma enxada a trabalhar a terra. Naquelas mulheres que fazem da educação dos seus filhos uma caminhada para os altares, ou aqueles homens que, usando o fato macaco como se fosse um paramento litúrgico, dão exemplos extraordinários de santidade no trabalho que exercem. Até mesmo nas prisões se encontram santos em profusão, que apenas estão a aguardar a sua hora para que vejam reconhecido o seu amor a Deus e ao Próximo.
Santo é uma maneira de estar na vida em plenitude, com a graça que nos vem do alto, pois Deus pretende que o Homem seja Santo, porque feito à imagem d'Ele próprio.
Mas... e o dia de Fiéis Defuntos... não é também dia de Todos-os-Santos? A condição de estarem mortos está cumprida. Pelo menos fisicamente! Não tenhamos dúvidas de que muitos daqueles que já partiram, rumo à Casa do Pai, e estão agora em comunhão com todos os Anjos e Santos de Deus, contemplando a Face do Senhor, também enfileiram no exército de Santos desse Deus a quem oraram com fé, cientes de que não rezaram a um Deus de mortos mas de vivos, pois "quem acredita n'Ele, ainda que morra viverá". E essa é a esperança de quem caminhou para o Pai percorrendo os caminhos da justiça, da verdade e da caridade cristã, amando a Deus e ao Próximo como a si mesmo.
Nesta reflexão, façamos por ser o tal homem novo, renascido para a vida eterna pelo amor do Pai Criador, o Sangue de Cristo Salvador e a Graça do Espírito, que nos santifica.

22/10/08

VAMOS FALAR DOS... HEBREUS? - I

»»» Na Bíblia é dado o nome de "Hebreus" aos descendentes do Patriarca Abraão, cuja história narra a Aliança com o Deus e a sua fixação no País de Canaã. Esta história termina no ano 135 d.C., no final de uma guerra sem quartel havida contra a Roma Imperial. A partir de determinado momento, o Povo Hebreu passou a designar-se como Judeu, nome porque inicialmente se conheciam os pertencentes ao Reino de Judá (de 931 a 587 a.C.). É assim que a história dos Hebreus se vem a prolongar no Judaísmo, o qual, depois de terminar o Estado Judeu antigo, se vem a dispersar entre as nações, constituíndo-se assim como o Povo Judeu da diáspora.
»»» Por volta do ano de 1760 a.C., um pequeno clã, conduzido por Abraão, instala-se no País de Canaã, entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Nesta Terra Santa - parte daquela que será chamada a Palestina - os Hebreus viviam como nómadas, sob a condução de "patriarcas". Abraão - o "Pai dos crentes" que abandonara Ur, na Mesopotâmia, seguindo o apelo do Deus único - e os seus descendentes, Isaac e Jacob. Perseguidos pela fome, estabelecem-se no Egipto, beneficiando das funções que José, um dos filhos de Jacob, exercia junto do Faraó. Mas esta mudança vem a transformar-se, em breve, numa feroz escravatura, difícil de suportar
»»»A alma da resistência, no momento, é Moisés, que se tornará em instrumento da libertação do Povo por Iavé. Esta saída do Egipto , o Êxodo, que se efectuou por volta do ano 1250 a.C., segue-se à recusa das autoridades Egípcias em anuir a que os Hebreus celebrassem ou fizessem qualquer sacrifício em honra de Iavé. Pelos prodígios que antecederam a passagem do Mar Vermelho, que foram as dez pragas do Egipto, ficará na memória colectiva do Povo como uma epopeia que glorifica Iavé e Moisés. Esta passagem do Mar Vermelho deu azo à instituição solene da maior festa do Judaísmo: A PÁSCOA - que em Hebraico é pessab ou passagem - cuja celebração anual significa o verdadeiro nascimento da Nação Hebraica.
»»» Os Hebreus levam uma vida de transumância durante vários anos, na região do Sinais, onde recebem a sua Lei, a Tora, e fazem uma solene Aliança com o seu Deus. Esta paragem no deserto, marcada pela figura e pelo papel de Moisés, será decisiva para instaurar a religião Hebraica.
»»» Sob a condução de Josué e depois de uma conquista longa e difícil, o Povo hebraico instalou-se (entre 1220 e 1200 a.C., aproximadamente), em Canaã, o "país onde corre o leite e o mel". Aqui, dividindo o território pelas tribos que foram consideradas descendentes de Jacob-Israel, constitui-se como nação e estabelece uma democracia tribal.
(continua)

13/10/08

HISTÓRIA... NÃO DA CAROCHINHA


* Num momento de reflexão, dei comigo a pensar no conceito de amizade, de ajuda, de dádiva generosa àquele que nos pede ajuda para os seus males do corpo ou do espírito, seja em bens materiais ou espirituais. E não me passou ao lado o conceito de que há amigos que nos tratam pior que inimigos, vindo-me à memória um velho trecho de História Pátria, lido quando dos meus anos de estudante.
* Como sabemos todos - vocês e eu - a Inglaterra é a mais antiga aliada de Portugal, mercê dos vários tratados que foram sendo assinados entre o Reino de Portugal e o Reino de Inglaterra, em vários momentos da nossa história como País. É assim que, em consequência do Tratado de Tagilde, feito pelos Duque de Lencastre e por D. Fernando, Rei de Portugal, tivemos de aguentar a "bárbara invasão" das tropas inglesas, que aqui chegaram em meados do mês de Julho de 1380, para lutar contra o Reino de Castela.
* Veja-se o que são quase meia centena de navios a demandar o Tejo, transportando aproximadamente 3.000 homens em armas, todos eles veteranos da Guerra dos 100 Anos, cavaleiros e arqueiros experimentados liderados pelo Conde de Cambridge. O primeiro contacto desta gente com o povo de Lisboa foi um desastre completo: - Como se fossem um exército de ocupação, em luta com o inimigo, deixaram destruição e morte por onde passaram, pois matavam, roubavam, pilhavam e violavam as mulheres um pouco por toda a Lisboa e arredores. Mostravam completo desprezo por todo e cada um daqueles que neles haviam confiado, parecendo que os Portugueses eram os seus inimigos mais odiados e que urgia apoderarem-se do Reino de Portugal.
* Recordo ainda Fernão Lopes, que contava, na sua Crónica de D. Fernando que... "muitas vezes mais era o dano causado que aquilo que gastavam em comer. Porque tal havia que se tinha vontade de comer uma língua de vaca, matavam a vaca, tiravam-lhe a língua e deixavam para trás o resto da vaca. O mesmo faziam ao vinho e a todas as outras coisas."
* Acredito que o Rei D. Fernando se terá arrependido por ter subscrito tão aviltante "ajuda", pois que tratou de que eles fossem para o Alentejo, guarnecer as fronteiras... mas estava-lhes entranhado o desejo de fazer o mal, pelo que trataram de atacar Borba e Reguengos de Monsaraz, tomaram em assalto o Redondo e procuraram fazer o mesmo a Évora Monte, mas aqui saiu-lhes a coisa mal, pois o povo escondeu haveres e alimentos. Eles bem torturavam as populações, para que dissessem onde esconderam a comida, mas o povo reagiu de forma violenta , e em fojos de pão ou de qualquer outra forma possível, matavam muitos soldados ingleses, às escondidas, calculando o cronista que talvez dois terços deles não tenham podido voltar a Inglaterra.
* D. Fernando preferiu fazer as pazes com Castela, dando em casamento a sua filha Dona Beatriz a um filho de D. João de Castela... apesar de ela vir a casar com o próprio D. João... apesar de também haver sido prometida a um filho do conde de Cambridge. Havia era que acabar com o estado de coisas e fazer que os ingleses regressassem à sua pátria. Cá apenas tinham feito estragos de grande monta, até porque as mortes não têm preço.
* Recordo ainda que Luis Vaz de Camões, o nosso vate imortal, resumiu de forma completa o reinado do Rei Fernando I, o Formoso, quando disse do seu reinado:
"UM FRACO REI FAZ FRACA A FORTE GENTE!"

05/10/08

A MEDICINA


* O contínuo progresso do saber e das técnicas no domínio médico, particularmente desde meados do século XX, não deve fazer esquecer os novos desafios com que a medicina se vê confrontada, por exemplo as dificuldades ligadas ao crescimento das despesas em matéria de saúde. Por outro lado, é cada vez maior o interesse pela saúde no sentido mais lato, conceito que abrange nomeadamente o bem-estar psicológico do ser humano e a luta contra a poluição.
* Hipócrates é considerado o pai da medicina. Considera-se que viveu entre 460 a 377 a.C. e deixou um legado ético e moral válido até hoje. Precursor do pensamento científico, procurava detalhes nas doenças de seus pacientes para chegar a um diagnóstico, utilizando explicações sobrenaturais, devido à limitação do conhecimento da época.
* Ainda antes da era cristã, Asclepíades de Bitínia tentou conciliar o atomisto de Leucipo e Demócrito com a prática médica. No primeiro século de era cristã, Cláudio Galeno, outro médico grego, deu contribuições substanciais (baseado em dissecções de animais) para o desenvolvimento da medicina.
* Na
Idade Média os religiosos assumiram o controle da arte de curar através de medicamentos e deixaram para os barbeiros, que já lidavam com a navalha, a arte de drenar abcessos e retirar pequenas imperfeições do penis. A formação de secreções purulentas era considerada normal e saudável.
* Em
1865, Louis Pasteur teorizou que as infecções eram causadas por seres vivos. Foi ele o inventor do processo de pasteurização, muito utilizado no leite. Lister, em 1865, aplicou pela primeira vez uma solução antisséptica num paciente com fraturas complexas, com efeito profilático na infecção. Iniciou-se assim uma nova era.
* Em 1928 Alexander Fleming descobriu a penicilina ao observar que as colónias de bactérias não cresciam próximo ao mofo de algumas placas de cultura. Surgia uma nova era: a dos antibióticos, que permitiu aos médicos curar infecções consideradas mortais. A evolução desde então não parou. A eterna luta do homem contra a morte entrou numa nova etapa, cada vez mais moderna e cara

21/09/08

HIPÓCRATES E A HOMEOPATIA

* É dito que os princípios gerais da homeopatia foram enunciados por Hipócrates há cerca de 2500 anos. Segundo hipocrático em quatro pontos:
> Observar.
* Para Hipócrates, grande parte da arte médica consiste na capacidade de observação do médico. * A observação deve ser feita sem nenhum tipo de preconceito ou julgamento, estando o prático aberto aos relatos explícitos e implícitos do paciente.
>Estudar o doente, e não a doença.
* Este princípio, proposto no Ocidente pela primeira vez no tempo de Hipócrates, assentou as bases da holística, estabelecendo que na compreensão do processo saúde/enfermidade não se divide a pessoa em sistemas ou órgãos, devendo-se avaliar a totalidade sintética do indivíduo. Este ponto é essencial no entendimento das históricas divergências entre as escolas de Cós (cujo expoente principal é o próprio Hipócrates) e de Cnido. Esta última pregava a especialização, a impessoalidade, o organicismo e a classificação das doenças.
> Avaliar honestamente.
* Dá-se importância à leitura prognóstica dos problemas da pessoa.
> Ajudar a natureza.
* A função precípua do médico é auxiliar as forças naturais do corpo para conseguir a harmonia, isto é, a saúde.
* Esses princípios guardam evidente semelhança com as conclusões de
Samuel Hahnemann no século XVIII.
* Hipócrates foi também o primeiro a descrever as duas maneiras principais de se abordar a terapêutica
:
- Similia similibus curantur =
Semelhantes são curados por semelhantes, base terapêutica da homeopatia.
- Contraria contrariis curantur = Contrários são curados por contrários. Princípio seguido por
Galeno que estabeleceu as bases da alopatia.
* A visão integradora de
Hipócrates permeia toda a sua obra, cujos textos mais conhecidos são Aforismos e Juramento. A saúde, para ele, é resultado da harmonia entre os quatro humores presentes no corpo e da interação da pessoa com o meio. Higiene, dieta, exercícios físicos, clima e outras circunstâncias são levadas em consideração na avaliação da saúde. O adoecimento obedece a três estágios facilmente reconhecíveis por um observador atento: degeneração (desequilíbrio) dos humores, cocção e crise. Não dá importância à classificação das doenças, levando muito mais em conta a pessoa e seu contexto. Na terapêutica é parco no uso de medicamentos, interferindo somente nos momentos considerados necessários, quando a natureza o indicar. Ficou muito conhecido no seu tempo por sua honestidade científica e na relação com os pacientes e seus familiares, insistindo na necessidade de se trabalhar com a verdade e de se fazer a leitura do prognóstico do estado de saúde. Estabeleceu as bases da ética nas relações entre médicos, entre médico e discípulos e entre médicos e pacientes.
- De Hipócrates a Paracelso
* Os séculos seguintes apresentaram preponderância crescente das crenças de
Cnidos e das práticas de Galeno, chegando ao dogmatismo. O establishment da Antigüidade e, posteriormente, da Idade Média, não permitia qualquer tipo de oposição às idéias galênicas que reinaram quase absolutas por quinze séculos. Galeno ficou conhecido por seus preparados farmacêuticos que incluíam várias substâncias em cada um deles. Sua teriaga, uma de tantas misturas preparadas, chegou a ter mais de setenta ingredientes em sua composição até a época de sua morte. Na Idade Média o preparado já continha mais de cem substâncias, sendo usado como antídoto universal.
* Até o final do Século XIX a teriaga estava registrada nas farmacopéias oficiais de vários países europeus.

17/09/08

A HOMEOPATIA...


* --- Inventada em finais do séc. XVIII por Samuel Hahnemann, a homeopatia não tem a idade respeitável da acupunctura. Beneficia, no entanto, da experiência de mais gerações do que muitas outras ditas "paralelas".
---
* --- A teoria homeopática*
---
* --- O princípio da semelhança.
------Se determinada substância provoca certos sintomas num indivíduo são, é capaz de curar os mesmos sintomas numa pessoa atingida por uma doença. É um tipo de raciocínio muito antigo: o espírito humano descobre (ou julga descobrir) certas analogias entre diferentes elementos do seu meio ambiente e procura tirar conclusões a partir delas. Este princípio explica a minúcia com que o homeopata estuda os mínimos sintomas do seu paciente, a fim de encontrar o medicamento homeopático que se lhe adequa exactamente. Conhecem-se os sintomas que uma susbtância provoca no inidividuo são: fizeram-se ensaios voluntários. No entanto, os resultados nem sempre foram estudados de forma científica, no sentido estrito do termo.
----
* ----- Os outros princípios.
------- O homeopata que leva a sua lógica ao ponto de sistematicamente não dar senão um medicamento homeopático ao paciente é chamado "unicista". Aquele que, pelo contrário, prescreve sempre, vários, é chamado "pluralista". Há por vezes grandes batalhas entre estas duas escolas, mas muitos profissionais sustentam uma posição intermédia. A homeopatia pode teoricamente tratar todas as doenças: o seu único limite é a existência de métodos mais eficazes. O vocabulário particular, utilizado nomeadamente no caso das doenças crónicas (miasmas, diáteses, etc.) provêm da medicina antiga.
* --- O método homeopático baseia-se na diluição das substâncias activas. Com efeito, estas são extremamente diluidas antes de serem distribuídas ao público, a fim de eliminar quase todos os efeitos tóxicos. Para lá da diluição chamada 12 CH (diluição a 1/100, 12 vezes seguidas) não há cientificamente persistência de qualquer matéria ou de qualquer molécula; os homeopatas utilizam com frequência, mas não obrigatoriamente, estas diluições extremas e estâo convencidos da sua eficácia, embora ainda não existam provas científicas dela.
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* --- A prática
*--
------- Em princípio, qualquer substância, seja ela qual for, pode ser benéfica, desde que provoque sinais no indivíduo são. Assim, a homeopatia utiliza os três reinos - vegetal, animal e mineral.
* --- A forma de administração mais corrente é o "grânulo", esfera com alguns milímetros de diâmetro, constituída por sacarose e lactose, impregnada pelo medicamento. Colocam-se, por exemplo, três "grânulos" debaixo da língua três vezes por dia. Esta via de administração também é utilizada para certos medicamentos alopáticos, porque a substância entra directamente em circulação sem sofrer os ataques do tubo digestivo. Outra forma frequentemente usada é o "glóbulo"ainda mais pequeno que o "grânulo", disponível em tubo, que é tomado de uma só vez por semana.
* --- Devido à obrigação de eficácia (nos limites dos conhecimentos actuais), a homeopatia é reservada às doenças relativamente benignas. Os seus promotores consideram-na eficaz contra as dores, a fadiga, certas afecções reumáticas, cutâneas, gastrintestinais, alérgicas, psicológicas, etc. As perturbações a tratar devem ser funcionais, isto é, sem lesão de orgão e devidas a uma anomalia de funcionamento. Inversamente, quanto mais orgânicas forem, ligadas à existência de uma lesão, mais a homeopatia deve ceder o passo a outras técnicas.
* --- A consulta baseia-se sobretudo no interrogatório, o exame propriamente dito é sucinto.
* ---
* --- Mais ou menos reconhecida, a homeopatia é ensinada em algumas faculdades de Medicina da Europa. O seu exercicio é aí reservado aos médicos, depois de três anos de estudos especializados.
------Talvez seja chegado o tempo para se divulgar tudo aquilo que têm sido as descobertas científicas, no campo da homeapatia, que tem a sua raíz nas tradições naturalistas dos nossos ancestrais, que conheciam os efeitos terapêuticos de muitas das ervas que crescem nos nossos campos... e lhes davam utilização no dia-a-dia do lar. Durante séculos, a ervanária serviu como lenitivo para muitas maleitas. A homeopatia, seguindo os mesmos princípios curativos, poderá ser um lugar importante na medicina curativa.
* --- Em Portugal, o exercício da homeopatia não está ainda regulamentado.

15/09/08

PODE SER...

ttt
Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.
ttt
Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.
ttt
Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.
ttt
Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.
ttt
Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente
Sendo único e inesquecível cada momento
Que junto viveremos e nos lembraremos para sempre.
Albert Einstein
Há duas formas para Viver a vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
Outra é acreditar que todas as coisas são um milagre

12/09/08

A ARÁBIA ... TANTO PARA CONTAR...

- Quando se fala da Arábia, logo nos vêm à memória as histórias do Ali Babá, do Ladrão de Bagdad ou do Sir Lawrence da Arábia... mas estas são apenas histórias de encantar ou feitas para o cinema, porque a realidade é bastante mais entusiasmante que histórias para o serão... em casas onde não existe televisão!
- A arqueologia tem mostrado mundos inimagináveis esquecidos na poeira dos tempos ... e dos desertos que constituem grande parte do Oriente médio. Mas vamos continuar a história, não das Mil e Uma Noites da mítica Sherazade, mas da Arábia real, misteriosa, antiga até se dizer chega!
- No II milénio a.C., domestica-se o camelo e, anos mais tarde, inventa-se uma escrita alfabética. Na segunda metade do I milénio, nascem, na Arábia do Sul, estados organizados, entre os quais os reinos de Hadramaout e de Saba (séculos IX a.C. a I d.C.). Os negociantes da Arábia do Sul monopolizam o comércio entre a Índia e o Ocidente, mas as trocas declinam por volta do II milénio a.C. Os beduínos da Arábia do Norte, por seu turno, praticam uma economia tão precária que não pode ser auto-suficiente. Os oásis do Hedjaz são activos centros de comércio.
- Com a presença romana no Oriente, nos séculos II a.C. a IV d.C., desenvolveram-se, nos terminais das rotas de caravanas, as celebradas cidades-estados: Petra, que foi primeiro a capital dos Nabateus e depois, a capital da província romana da Arábia (ano 106 d.C.), Bosra e Palmira (século III). Nos séculos IV e V, o declínio do comércio coincidiu com a decadência de Roma e a desorganização da Arábia do Sul.
- A expansão do cristianismo e do judaísmo, levou a que Meca e o seu centro de peregrinação em torno da Caaba e da Pedra Negra, se desenvolvesse, graças ao próspero comércio dos Coraixitas. O Profeta Maomé começou a pregar no início do século VII e estas pregações, depois de reunidas no Alcorão, mostraram ser capazes de unir a Arábia em torno de uma nova religião, dando um novo impulso à expansão para as terras mais ricas, que era a eterna vocação dos nómadas.
- Yathrib (Medina), para onde a comunidade teve de emigrar, decorria o ano de 622, veio a transformar-se no centro do Islão. No ano de 630, as tribos de toda a península já estão todas convertidas ao Islamismo.
- Iremos continuar esta história, pois é como a Nau Catrineta... "tem muito que contar!..."

10/09/08

HISTÓRIA DAS ARÁBIAS...?

"Mapa do bezerro" encontrado na Península de Omã
***
- A Arábia, que constitui uma ponte entre a África e a Ásia, tem um interesse arqueológico capital, principalmente no que se refere às fases mais antigas da pré-história. Na gruta de al-Guzaha (Hadramut), no Iémen, os níveis terão um milhão de anos e há mençãode inúmeros locais de tipo mustierense, em toda a península.
- O período Neolítico está representado em várias regiões onde outrora se desenvolveu a agricultura e a criação de gado, sobretudo de bovinos. A arte rupestre, muito rica, nomeadamente na região de Sada, inclui numerosas representações de bovídeos. Aliás, a presença de cerâmica pintada, proveniente da cultura de Obeid, na Mesopotâmia, demonstra que houve contactos marítimos regulares entre esta região e a costa do Golfo, a partir do V milénio antes da nossa era.
- Os primeiros "sítios" da Idade do Bronze datam de 3.000 a.C.Na Península de Omã encontramos Bat, Hili e Mayar, que são verdadeiros oásis onde as bases de subsistência assentavam na agricultura de regadio e no aproveitamento dos recursos proporcionados pelas palmeiras. O cobre das montanhas de Omã, que desde aquela data se exporta para as cidades da Suméria e para as aldeias da costa de Ras al-Djunayz, é um elemento i9mportantíssimo no desenvolvimento do comércio marítimo no oceano Índico.
- A partir do III milénio a.C., a região, além de manter os contactos com a Suméria, estabelece-os igualmente com a civilização do Indo. Na Idade do Bronze (III-II milénio a.C.), a população das inúmeras aldeias e lugarejos do Iémen pratica uma agricultura cerealífera, principalmente o sorgo e a cevada. De resto, usa-se o cobre e a cerâmica, apresentando esta afinidades com a Palestina, mas também pela sua decoração, com as culturas do Sudão, suas contemporâneas. Atribuem-se ainda a esta época os alinhamentos de pedras dispostas verticalmente.
- Do Kuwait até ao Bahrein, desenvolveu-se a cultura de Dilmon - nome dado a esta região pelos Sumérios - que conheceu uma evolução paralela, desde finais do IV milénio. Desta cultura se conhece, em especial, a fase final, entre o ano 2200 e 1750 a.C., que se desenvolveu ao longo do litoral, desde Faylaka até ao Barhrein e ao Qatar. Os lugares têm um aspecto urbano e a cultura material, apesar de influenciada pela Mesopotâmia, apresenta muitos aspectos originais, nomeadamente os pequenos sinetes redondos chamados de "do Golfo". No II milénio, a região é denominada pelas dinastias Cassitas, da Mesopotâmia.
- Dessa história e do período pré-islâmico falarei em próximo escrito.

08/09/08

QUADRAS DA QUEIMA DAS FITAS


“Teus olhos, contas escuras,
São duas ave-marias
Dum rosário de amarguras
Que eu rezo todos os dias.
..
Amas a Nosso Senhor
Que morreu por toda a gente,
E a mim não me tens amor
Que morro por ti somente!
..
Há no mundo quem aponte
Uma mulher quando cai.
Nasce água limpa na fonte,
Quem a suja é quem lá vai.
..
Lá por ser de gente fina,
Não me tire a mim o rol.
A lua é bem pequenina
- E às vezes encobre o sol.
..
Marque bom chapéu quem manda
E neja quem obedeça.
O chapéu dos pobres anda
Mais na mão que na cabeça...”
...
Augusto Gil

07/09/08

POESIA...

***
Mar Português
***
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

***
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
***
Senhor, a noite veio e a vontade é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

***
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto cinzas a ocultou:
A mão do vento pode ergue-la ainda.

***
Dá o sopro, a aragem - ou a desgraça ou ânsia-,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistamos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

***
Fernando Pessoa

06/09/08

SONETO A QUATRO MÃOS...

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Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

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Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

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Tenho dado de amor mais que coubesse

Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

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Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano

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Vinicius de Morais

31/08/08

ENVELHECER...


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Envelheço quando me fecho para as novas ideias e me torno radical.
Envelheço quando o que é novo me assusta, e a minha mente insiste em não aceitar.
Envelheço quando me torno impaciente, intransigente e não consigo dialogar.
Envelheço quando meu pensamento abandona sua casa. E retorna sem nada a acrescentar.
Envelheço quando muito me preocupo e depois me culpo porque não tinha tantos motivos para me preocupar.
Envelheço quando penso demasiadamente em mim mesmo e consequentemente me esqueço dos outros.
Envelheço quando penso em ousar e já antevejo o preço que terei que pagar pelo acto, mesmo que os factos insistam em me contrariar.
Envelheço quando tenho a chance de amar e deixo o coração que se põe a pensar: Será que vale a pena correr o risco de me dar? Será que vai compensar?
Envelheço quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta da minha alma que se põe a lamentar.
Envelheço, enfim, quando paro de lutar!
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26/08/08

A ARTE DO AZULEJO DE FIGURA AVULSA

* Embora formem um tipo específico de azulejo, não seriado, estes mesmos azulejos podem ser classificados como de repetição superficial, distintos mas afins da personagem. A principal característica destes azulejos de figura avulsa, também conhecidos por outras designações, reside essencialmente no motivo ornamental solto que decora o centro, o qual tanto pode ser o único elemento decorativo do azulejo como pode ser completado por outros ornatos secundários nos cantos, ligados entre si ou isolados.
* O facto de os azulejos de figura avulsa poderem aglomerar-se e revestir qualquer área arquitectónica aproxima estes revestimentos dos seriados de repetição superficial, apesar do carácter completamente desligado e solto dos vários ornatos, valendo a sua decoração tanto pelos motivos individuais como pelo conjunto, que distingue estes azulejos da vulgar padronagem e da constante interligação da decoração, podendo mesmo considerar-se, como acentuou Santos Simões (no capítulo dedicado a este tipo de azulejos na Azulejaria em Portugal no Século XVIII), que "veio tornar o lugar do azulejo de padrão seiscentista" na primeira metade do Século XVIII.
* A figura avulsa destaca-se pelo pitoresco dos motivos, variados mas concebidos a partir de um número limitado de modelos, geralmente de representação espontânea e ingénua, por vezes com carácter caricatural, em parte devido a terem sido frequentemente pintados por crianças, que nestes trabalhos de menor responsabilidade adquiriam prática, tornando o produto mais barato. O motivo das flores foi o mais vulgar, mas muitos outros foram usados, como animais diversos (preponderando os pássaros em posições variadas, juntamente com patos, peixes, veados, gazelas, coelhos, cães, gatos e répteis), inúmeros barcos (que ocasionaram a designação bastante imprópria de "azulejos de navio", usada por Norberto de Araújo), casas, torres, moinhos, cestos com frutos ou flores, para além de motivos mais raros e de carácter fortemente caricatural ou pitoresco, como damas de leque, espadachins, fumadores de cachimbo, embuçados, figuras chinesas, frades capuchos (no Convento de São Francisco de Vila Viçosa), figuras humanas nuas (na Capela-Mor da igreja de São Martinho de Orgens, próximo de Viseu), cenas eróticas, aviões, etc.
* A produção do Porto e de Coimbra, igualmente importante, destaca-se pela irreverência e graça dos motivos, como a representação frequente de cabeças humanas de perfil com flores a sairem pela boca, nos do Porto, e o carácter anedótico dos de Coimbra.
(In "O AZULEJO EM PORTUGAL"
José Meco - Edições Alfa)

20/08/08

DIVAGANDO... poetizando...

O Firmamento
*
Glória Deus! Eis aberto o livro imenso,
O livro do infinito,
Onde em mil letras de fulgor intenso
Seu nome adoro escrito.
Eis do seu tabernáculo corrida
Uma ponta do véu misterioso:
Desprende as asas, remontando à vida,
Alma que anseias pelo eterno gozo!

Estrelas, que brilhais nessas moradas,
Quais são vossos destinos?
Vós sois, vós sois as lâmpadas sagradas
De seus umbrais divinos.
Pululando do selo onipotente.
*
Soares dos Passos

POESIA DE INÊS LOURENÇO...

Post-card
(os velhos, os pombos, os gatos)
***
Alguns habitantes queixam-se dos pombos.
Do mal que fazem às fachadas, às estátuas,
à pintura dos automóveis.
Os pombos não voam a gasolina!
E têm humaníssimos hábitos como a gula,
as rivalidades do cio, a sede e a urgência de defecar.
Detestam coleiras, gaiolas, amparos de casota,
ausência de jardins e adornos de penas alheias.
E por este divino despojamento
recebem, às vezes, algum milho
displicente dádiva de crianças para a fotografia,
ou de benignos velhos reformados.
Algumas mulheres continuam a socorrer
os antiquíssimos (e terrestres) gatos vadios.
Gatos da minha infância.
Dos muros das trazeiras,
dos quintais - o Sindbad, a Pardoca -
com restos de arroz em papéis engordurados.
Carinhosas velhas,
atentas à famélica e materna condição das ninhadas,
enquanto os pombos e os velhos debicam
espaços de pedra onde levavam asas
e entre todos assoma, por instantes,
a decaída aliança entre o Céu e a Terra.

19/08/08

POESIA PORTUGUESA


"Quero um cavalo de várias cores"

***
Quero um cavalo de várias cores,
Quero-o depressa, que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.

Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva - nimbos e cerros -
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.

Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.

Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sozinho
Sem um cavalo de várias cores?

***
Reynaldo Ferreira 1922/1959

18/08/08

O SOL ... E O VENTO...


---O Sol e o Vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte e o Vento disse:
--- - Provarei que sou o mais forte.Vês aquele velho que vem lá em baixo com um capote?Aposto como posso fazer com que ele tire o capote mais depressa do que tu.
---O Sol recolheu-se atrás de uma nuvem e o Vento soprou até quase se tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava, mais o velho segurava o capote junto a si.
---Finalmente o Vento acalmou-se e desistiu de soprar.
---Então o Sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para o velho.
---Imediatamente ele esfregou o rosto e tirou o capote.
--- O Sol disse então ao Vento que a Gentileza e a Amizade eram sempre mais fortes que a Fúria e a Força.