(os velhos, os pombos, os gatos)
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Alguns habitantes queixam-se dos pombos.
Do mal que fazem às fachadas, às estátuas,
à pintura dos automóveis.
Os pombos não voam a gasolina!
E têm humaníssimos hábitos como a gula,
as rivalidades do cio, a sede e a urgência de defecar.
Detestam coleiras, gaiolas, amparos de casota,
ausência de jardins e adornos de penas alheias.
E por este divino despojamento
recebem, às vezes, algum milho
displicente dádiva de crianças para a fotografia,
ou de benignos velhos reformados.
Algumas mulheres continuam a socorrer
os antiquíssimos (e terrestres) gatos vadios.
Gatos da minha infância.
Dos muros das trazeiras,
dos quintais - o Sindbad, a Pardoca -
com restos de arroz em papéis engordurados.
Carinhosas velhas,
atentas à famélica e materna condição das ninhadas,
enquanto os pombos e os velhos debicam
espaços de pedra onde levavam asas
e entre todos assoma, por instantes,
a decaída aliança entre o Céu e a Terra.
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