07/02/08

CARNAVAL ...



A festa do Carnaval (Entrudo) remonta à Idade Média e foi sempre marcada pela subversão da ordem estabelecida.
Nos dias do Entrudo, o "mundo" era virado às avessas, o diabo andava à solta, a dança e as brincadeiras tomavam conta dos corpos, os mascarados aterrorizavam as pessoas, os homens vestiam-se de mulheres, terminando com a morte do rei.
Em Portugal, o entrudo, era essencialmente uma festa de rua, que os foliões tomavam de assalto.
Uma amostra deste espírito carnavalesco subsiste ainda em Torres Vedras.
O Carnaval inicia-se com a entronização da família real, o rei ( "rei mono", cornudo) e a rainha do sexo masculino.
Depois começam os combates e as brincadeiras nas ruas, os desfiles de Zés Pereiras, cabeçudos, trapalhões, matrafonas, terminando com a morte do rei.
O Carnaval de Torres Vedras , caracteriza-se pela participação espontânea das pessoas, mesmo nos Corsos organizados.
Como afirma um estudioso da etnografia, essa participação "é desejada para a animação do desfile e assim vemos os mais variados foliões nos espaços entre os carros, fazendo a sua festa, exibindo as suas máscaras , pregando as suas partidas, enquanto simples curiosos, , podem ir ao lado dos mascarados.
Assim com uma grande componente de ironia política e social, assumindo, na Tradição do Entrudo português, um palco para a crítica aos "desconcertos do mundo" de tradição popular, é uma das imagens de marca do Carnaval Torriense.
Esta fidelidade à matriz cultural do Entrudo português, traduz-se na arruada, na presença de Zés Pereiras e Cabeçudos, no “Enterro do Entrudo”, e em muitas outras manifestações que fazem com que o Carnaval de Torres se reclame, justamente, desde há longos anos, o "Carnaval mais português de Portugal" .
E mais ....é provavelmente, o único Carnaval português , assumindo-se como uma forma de resistência à defesa do património cultural nacional.

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