22/08/09

Férias... férias... férias...

San Sebastian - verde e mar
Muitas vezes, sem que saiba bem o porquê, dou comigo a pensar em... férias, como se isso fosse algo de importante nos dias que correm, dada a situação de crise que vai sendo apregoada aos quatro ventos... ou serão cinco?
Não é que tenha alguma coisa contra ... pois poderá dizer-se que tenho férias permanentes, atingida que foi a idade de dizer "basta" ao trabalho supervisionado por pessoas que têm por missão avaliar - onde ouvi eu falar nisto? - a minha capacidade de fazer as coisas... que eles nem sequer sonham como se fazem!
Mas estes tempos de calor insano, que vão tostando as peles das dondocas que fazem férias 366 dias por ano, mesmo que este tenha apenas 365, são propícios a induzir as nossas massas cinzentas a pensar ser tempo para ir apanhar uns bons escaldões, beber uns "pirolitos" de água bem salgada, mastigar umas bolas de Berlim com creme e cobertura de areia, apreciar as sereias de peitos descaídos a deitar olhinhos gulosos aos maridos das outras... e eu sei lá que mais apetece.
Talvez seja por isso que o campo é mais convidativo... mesmo que haja o incómodo de alguns animais que teimam em não nos deixar sossegados, obrigando a coçar aqui, ali e acolá... quando é só a chatice das melgas e mosquitos que nos apoquenta.
Mas o verde dos campos, a sombra das árvores frondosas, o chilrear dos pássaros, o marulhar das águas cristalinas, correndo pelo regato, o cheiro das flores coloridas que enfeitam os campos como se de mantos se tratasse, parecem ganhar ao turbilhão das praias ventosas, cheias de pessoas em amontoado, que parece nem se aperceberem que o tempo está a mudar e o regresso da praia urge.
E aqueles que não têm férias até pedem a todos os santinhos que chova! Raio do patrão, que logo havia de fechar o fábrica e ir para a estranja! Os miúdos é que vão sofrer, porque não há férias para ninguém! Como é que fazem aqueles que passam noite e dia em festas e festinhas que a TV nos vai dando conta, parecendo estar de férias 14 meses por ano??? Pagam ou ficam a dever?
É que quem cabritos vende e cabras não tem... deve-lhes ter saído o Euromilhões ou fazem parte da sociedade "Mãozinhas Leves & Irmãos" ...ou são empresários de fim de semana, comprando e vendendo artigos de ménage no hipper da Feira da Ladra! Vejam o que as férias nos podem trazer à lembrança! Como se fosse possível, num País de brandos costumes como o nosso, haver quem fizesse coisas dessas só para poder ir de férias!
O que nos vai valendo é que elas estão no fim...

09/08/09

Fisolofando...

Pintura a óleo " A MORTE DE SÓCRATES"
*
Sabe-se que a palavra "filosofia", originada do grego "φιλοσοφία", provém da união da palavra "philia" = φιλία, e significa "amizade", "amor fraterno" e "respeito entre os iguais", com a palavra "sophia" = σοφία, a significar "sabedoria" ou "conhecimento".
Derivante de "sophia", vamos encontrar a palavra "sophos" = σοφός , para nos designar aquele que é "sábio" ou "instruído".
Filosofia significa, portanto, "amizade pela sabedoria", "amor" e "respeito pelo saber", porque o "filósofo" será aquele que ama e busca a sabedoria, que tem amizade pelo saber, que deseja o saber.
Na tradição é atribuida ao filósofo Pitágoras de Samos, que viveu no século V antes de Cristo, a criação da palavra filosofia.
Filosofia é o indicador de um estado de espírito: o da pessoa que ama, ou seja, que deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Para alguns autores, a palavra « philosophía » não será uma construção moderna a partir do grego, mas sim um empréstimo dela mesma à língua grega .
Os termos "φιλοσοφος" = «philosophos» e "φιλοσοφειν" = «philosophein» podem-se encontrar devidamente documentados junto aos pré-Socráticos Heráclito, Antífones, Górgias e Pitágoras, tal como junto a outros pensadores como o foram Tucídide ou Heródoto, mas a "φιλοσοφία" = «philosophía» deve a sua paternidade a Platão, o qual de fato se tornou, num sinônimo de "φιλομαθια" = «filomatia».
Historicamente, a filosofia é conhecida por ser algo difícil de definir com precisão, não conseguindo a maioria das definições, se não todas, cobrir tudo aquilo a que chamamos filosofia.
Existem outros modos para se chegar a uma concepção da filosofia, mesmo que não haja uma definição, pois à falta de uma definição "definitiva", as introduções à filosofia apostam, geralmente, para a apresentação de uma lista de discussões e problemas filosóficos, e uma lista de questões não filosóficas.
Algumas das questões filosóficas incluem, por exemplo, as eternas perguntas "O que é o conhecimento?"..., "Será que o homem pode ter livre arbítrio?"..., "Para que serve a ciência?" ou, até mesmo, "O que é a filosofia?".
As formas para se poder responder a estas questões não é, de forma nenhuma, uma forma científica, política ou religiosa, nem se trata de uma investigação sobre o que a maioria das pessoas pensa, ou do senso comum. Envolve, antes do mais, um exame dos conceitos relevantes, e das suas relações com outros conceitos ou teorias.
O método da listagem de discussões e problemas filosóficos tem sempre a sua limitação, e o limite, é o próprio ser. Por si só, o método não permitirá que se possa vêr aquilo que unifica os debates e as discussões. Será talvez por isso que os filósofos não costumam fazer apelo a esse método. Ao invés disso, apresentam imagens da filosofia.
Falar de filosofia é sempre um desafio interessante... e eu irei voltar ao tema.
Do que há para dizer... quanta coisa para descobrir!

01/08/09

A felicidade... o que é?

Quem não gostaria de saber dar a resposta a esta pergunta? Quantas pessoas, através dos tempos, se têm esforçado na procura de respostas para este autêntico enigma de todos os tempos?
É assim que, volta e meia lá andamos nós a dar voltas na procura dos centros de estudos que se debrucem sobre o tema, sejam eles conhecidos ou desconhecidos, consultamos pessoas que reputamos como verdadeiros sábios e, acreditem ou não, eles asseguram-nos SEMPRE que a felicidade existe e está muito pertinho de nós.
Quantas vezes recebemos de uma criança um sorriso em troca de um sorvete ou de um abraço ou de um beijo? É que as crianças são verdadeiras sábias quando, com uma simplicidade invejável, conceituam sobre aquilo que é a felicidade. No seu universo, a felicidade encontra-se nos pequeninos gestos do quotidiano, como seja aquela partida de futebol que se joga com os amigos ou a refeição onde podem comer coisas a seu gosto...
Daniel Gilbert é um professor de psicologia da Universidade de Harvard, nos EUA, que se tem dedicado a estudar a felicidade há mais de duas décadas. Para ele a felicidade é uma sensação de bem-estar: “Torna-se difícil dizer aquilo que é a felicidade, mas sei bem quando a tenho presente, porque se deixa vêr em plenitude... pois ela é simplesmente sentirmo-nos bem !”. Nas várias pesquisas que vem desenvolvendo e nos livros que escreve sobre este tema, o Dr. Gilbert mostra-nos aquilo que teimamos em não perceber no nosso dia-a-dia: A FELICIDADE NÃO É UMA SENSAÇÃO EXTERNA OU UM ESTADO DE ÊXTASE, DAQUELES QUE SE ATINGEM NOS MOMENTOS DE MAIOR PRAZER!
Estar feliz ou triste é um autêntico vai e vem. Acredito que, nos períodos mais difíceis das nossas vidas, os processos de infelicidade funcionam também como um momento de amadurecimento, onde nos é dado pensar e repensar as atitudes ou os projetos.
O psicólogo americano David Myers, do Hope College of Michigan, afirma que as pessoas perdem tempo demais a tentar encontrar explicações ou motivos para aquilo que as deixa em baixo. Ao contrário da tristeza, não há uma resposta certa ou única sobre aquilo que se deve fazer ou de que modo chegar à felicidade.
No entanto... existem pistas daquilo que nos poderá levar até à felicidade, fazendo fé naquilo que o filósofo grego Aristóteles afirmava, há mais de 2 mil anos: - "A felicidade atinge-se pelo constante exercício da virtude e não pela posse".
Mas estamos sempre a tropeçar aí, ainda tropeçamos, é essa a verdade. Na simplicidade da nossa infância, temos esse conceito muito presente.
A poetisa Adélia Prado, no seu poema "Solar", fala-nos sobre a casa da sua infância: um lugar grande, bonito, onde a família se reunia para fazer uma refeição muito simples. “A minha mãe cozinhava exactamente arroz, feijão-roxinho e molho de batatinhas. Mas... cantava”, diz-nos o poema. A poetisa regressa ao passado, à sua infância, para resgatar sentimentos de felicidade. Os cheiros e os gostos fazem parte dessa felicidade.
Acontece que, no dia-a-dia, nos confundimos perante um amanhã cheio de possibilidades e incertezas. O psicólogo israelita Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, afirma que nós passamos o tempo a julgar a nossa felicidade não pela situação actual, mas na perspectiva de poder melhorar a vida no futuro.
A felicidade não é, ao fim e ao cabo, uma posse permanente, porque não foi ainda encontrada maneira de se poder estar sempre bem.