Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
Ocultam-se as lágrimas... por vergonha de chorar, como se fosse pecado manifestar-se o que se sente; ocultam-se para que nos julguém fortes, como se o sentir não fosse, já por si, uma forma de mostrar fortaleza de espírito; ocultam-se ainda por receio de algo... como se fosse possível alguém mostrar medo de ser verdadeiro, sensível... e as lágrimas são apenas e só pérolas de valor tão raro... pela dificuldade de se saber se são verdadeiras ou de cultura!
ResponderEliminarGosto da tua sensibilidade... e é por essa sensibilidade que te posso dizer que te amo.
Beijos do Victor