04/03/08

LÍRICA CAMONIANA II


SONETO
pçp
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
jfj
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
klk
E se vires que pode merecer-te
Algüa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
vbv
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
(Luís de Camões)

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