16/01/08

O QUE SÃO OS SONHOS? - continuação


---- Os três relatos de que falei no anterior trabalho escrito, podem ser considerados SONHOS, de acordo com uma definição que se havia considerado mais abrangente, tal como ficou prometido interpretar os mesmos num próximo escroto, o que irei fazer hoje.
---- É assim que, no que respeita ao 1º. Relato, este contém uma percepção interna, o sentido de movimento rítmico transmitido pelo mar a um barco e às pessoas a bordo. É um relato típico dos sonhos do início do sono, especialmente em noites a seguir ao experimentar de novas sensações motoras, como esquiar, andar de barco... ou até "DEPOIS DE COLHER MAÇÃS" - como no poema de Robert Frost (After Apple Picking). O sujeito andou de barco, e a sensação de movimento, que abrandou imediatamente assim que pôs os pés em terra firme, é retomada no início do sono e reproduz, exactamente, a experiência física de andar de barco. Voltarei a estes sonhos induzido por estímulos, particularmente quando nos debruçarmos sobre o tema da aprendizagem motora, lá mais para a frente. Por agora sublinhe-se apenas quão breve e relativamente simples é esta experiência sonhadora do início do sono. Apesar de ser alucinante, tal como a do Relato 3, fica-lhe a dever na sua brevidade e no seu âmbito reduzido, na sua ausência de personagens para além do sonhador e na sua insipidez emocional. Muitos relatos do início do sono são mais ricos e variados do que este, embora todos partilhem da mesma brevidade e da falta de enredo elaborado como aquele que encontramos no Relato 3.
---- O Relato 2 limita-se à reflaxão ou àquilo a que os psicólogos chamam cognição. Não existe estrutura preceptiva e, por conseguinte, nenhum carácter alucinante. No entanto há emoção. O sonhador está ansioso sobre o seu desempenho num teste e esta ansiedade parece causar reflexão obsessiva essencialmente da mesma forma que seria de esperar que acontecesse quando acordado. O pensamente aqui descrito é não progressivo. O sonhador nem sequer exercita o conteúdo das matérias do exame de uma forma que possa ser adaptativa. Relatos de ensimesmações como esta são frequentemente obtidos quando os indivíduos são despertados do sono ao princípio da noite. Se forem obtidos num laboratório de sono, eles estarão associados com os baixos níveis de actividade cerebral que caracterizam aquilo a que agora chamamos "sono de ondas lentas", (tal como pode ser observado por um electroencefalograma, ou EEG) ou sono não REM (NREM que diz respeito à ausência de movimentos oculares). A actividade mental do sono NREM que ocorre mais tarde durante a noite, quando os níveis de activação cerebral de aproximam daqueles observados em sono REM, pode assumir muitas das propriedades das que se observam no Relato 3.
---- O Relato 3 é um relato típico de sono REM: é animado, dramático e complexo; excêntrico, alucinante, delirante e longo, cerca de 8 a 10 vezes mais longo que os Relatos 1 e 2 (que foram relatados na sua totalidade), ao passo que apenas um pequeno enxerto do Relato 3 é apresentado. No resto deste Relato 3 houve uma mudança de cenário do alto da montanha para a ilha de Martha's Vineiard (embora estivesse na mesma biciclata) e depois para um centro comercial, um restaurante, um baile e um encontro de colegas da faculdade. O sonhotambém exemplifica algumas das características típicas dos sonhos, tal como a instabilidade das personagens, pois a esposa de um dos protagonistas é vista como sendo loira, quando ela é, na realidade, morena. O sentido do movimento, que é contínuo, torna-se particularmente agradável, quando é tornado imponderável e faz o sonhador deslizar por entre os buracos do campo de golf... mas o resto fica para depois, pois ainda irei voltar, acreditem. A não ser que achem dever ficar por aqui aquilo que ainda agora começou.

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