Não pode passar um dia que não pense nesta pergunta: - Porque será que aos dias sucedem as noites e a estas nascem os dias? E se, por especial deferência do Criador de todas as coisas, um dia o dia pudesse suceder ao dia? Imagino o que poderia acontecer, pois sei ser utópico pensar que esta situação tem pernas para andar. Por exemplo: O Guarda Nocturno iria exercer a sua profissão de uma forma normal? Como seria a noite dos filhos da mesma, sem gatos a miar ao luar ou das prostitutas lânguidamente encostadas a uma qualquer esquina de Alfama, esperando o cair da noite para que os fregueses percam a vergonha e procurem uns momentos para desenbolsar os Euros necessários para uma troca de fluídos... se tal fosse possível? Os "almeidinhas" de Lisboa, iriam, de vassoura na mão e agulheta em punho, tentar lavar a cara a uma cidade que teima em se encardir? O par romântico poderá trocar carícias num banco do Miradouro de Santa Luzia, com a cumplicidade da lua, que banha os telhados da cidade adormecida?
Tanta pergunta e tão pouca resposta, pois a pergunta é de caos e a resposta será irreal, pois ao dia jamais poderá suceder outro dia, porque a noite se torna necessária para que as crianças possam dormir, sonhar, chorar ou sorrir por causa dos sonhos, porque este comanda a vida, como diz o poeta. Também é necessária a noite para que o esforço do trabalho encontre um aliado na luta contra o cansaço... mas é ao poeta que a noite faz falta, pois é nos silêncios que encontra a inspiração, a paz de espírito capaz de lhe proporcionar o encontro com as suas ninfas, tal como não pode faltar a cumplicidade da noite para aquele casal que troca juras de amor...
...porque é o meu amor que me leva a dizer-te que é do fundo de mim mesmo que te dedico estas palavras desconexas... com todo o amor de um ser apaixonado por ti.
Victor
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