05/06/13

PORTUGALMENTE FALANDO:


Em Portugal nada é o que parece, mas tudo aparenta ser aquilo que não devia.
Não estou a fazer apenas conversa de ocasião, mas a exprimir a convicção que me fica de cada vez que paro um pouco para pensar: QUE MUDOU NO MEU PAÍS PARA QUE ELE SEJA ESTA IMAGEM DE CAOS QUE O QUOTIDIANO NOS VAI MOSTRANDO?

A resposta não será fácil de assimilar, mas julgo que a  maior mudança se prende com a credibilidade do Homem, enquanto 'matéria prima' necessária para promover a evolução de que  o País carece, porquanto é o Homem o principal promotor da falha verificada em todos os parâmetros da construção societária, que acredito poderá vir a preconizar o  nosso futuro, vá  lá bem  saber-se quando, como e porquê.
Talvez a resposta seja fácil, presumo: O POVO PORTUGUÊS NÃO GOSTA DE SER LEVADO COM CONVERSAS, APESAR DE DAR OUVIDOS AO LÍDER DO PARTIDO X  OU DA CENTRAL SINDICAL Y...  e aí começa um caminho eivado de perigos vários, porque nem sempre a pretensa razão está patente naquilo que se diz.

Não sei se é verdade, mas diz-se que a demagogia política tem sido levada à prática em Portugal com um grau de eficiência... eficiente por demais.
Se não há trabalho em Portugal.... alguém já procurou encontrar uma solução que não seja recorrer à esperteza saloia, ao esquema  sórdido ou ao roubo mais sofisticado?
Conheço muitos casos emblemáticos daquilo que afirmo, pois há histórias mirabolantes de 'empresários' da construção civil  cujas  sedes estavam instaladas numa carrinha, que servia de escritório, transporte dos trabalhadores e o que mais necessário fosse. A central telefónica estava a  funcionar num qualquer telefone portátil, que o mantinha sempre contactável... até para fugir aos credores.
Como não pensavam pagar ao 'fisco' aquilo que seria devido pagar, apenas tratavam de guardar aqueles  documentos que estavam  relacionados com os trabalhos que no momento tinham em mão. Os fornecedores iam esperando pacientemente pela liquidação da facturas... mas no endereço dado nunca se conseguiam contactar os 'clientes devedores'.
Também há o caso de haver vários familiares inscritos, na 'folha de vencimentos', que nunca foram sequer à obra, pois a ideia seria 'acederem' ao 'quadro de desempregados'   sem problemas de maior.
O cântaro tanto vai à fonte que um dia lá deixa a asa, pelo que a 'empresa' terá de fechar as portas quando deixarem de ter êxito os 'calotes' que se foram acumulando. As penhoras vão-se seguindo, umas após as outras, sem que se veja qualquer luz ao fundo do túnel.
E nos trabalhadores desempregados vamos encontrar tantos que viviam a cuidar da terra... ou dos mil e um esquemas que a vida os ensinou a usar para se safarem, nem que seja tornarem-se 'profissionais' do   subsídio de desemprego, que muitas vezes é de valor superior ao vencimento que possa ser auferido numa qualquer empresa que se proponha dar-lhes uma oportunidade de trabalho.

Sabe-se que a mecanização industrial e a informatização dos serviços veio dar um rude golpe na empregabilidade de alguns 'quadros' da fábrica ou do escritório. A utilização de sistemas mais complexos exigiu uma melhor formação académica... mas ninguém alguma vez ousou encontrar um agricultor detentor de um canudo da Escola Superior de Formação Agrária,, um sapateiro formado em engenharia industrial, um carpinteiro que cursou a Escola Superior de Técnicos da Manipulação de Madeiras ou um pescador licenciado em Biologia pela Universidade de Coimbra.
Cada macaco no seu galho, ouve-se dizer. Há licenciados a varrer as ruas de Lisboa, porque os papás não quiseram que o seu pimpolho viesse a vender copos de 3 na tasca lá da rua, como o pai fez durante anos, com a finalidade de poder 'dar' o canudo ao filhinho, que queria doutor.
A  Maria sempre lavou escadas, tratou da roupa das senhoras, limpou o pó, cozeu, varreu, humilhou-se... mas a sua filhinha não vai ter de suportar esta vida, porque está na Universidade a tirar o curso de doutora em qualquer coisa.

Só que sem os sapateiros andamos descalços, sem as lavadeiras, andamos sujos, sem cozinheiros passamos fome, sem alfaiates andamos nús, sem carpinteiros não teremos uma cadeira onde nos sentar. É que as próprias máquinas precisam da mão do homem, porque não são elas quem se programa.
Falar na máquina de lavar roupa ou louça não é resposta, pois também estas precisam da mão do homem para as fazer... e para as reparar.

Talvez fosse pertinente repensar este País. Parece que aqueles que têm a responsabilidade de o devolver a uma situação mais  meritória, mais consentânea com as necessidades das populações, têm encontrado bastantes dificuldades em chegar ao fundo dos problemas, porque quanto mais aprofundam a podridão com que se depararam, mais fundo têm de escavar, porque são podres de muitos anos e esta gente desespera por estar a pôr à mostra tudo de mau que foi sendo feito... em nome do Povo, que agora clama, clama, clama sem ouvir eco, porque este se perde na profundeza do poço em que estamos metidos.
As culpas... dividam as coisas como quiserem, porque nós  até temos muitas, devem ser assumidas por todos.

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