Ao longo dos tempos têm-se visto obras em que pintores e escultores de sempre, um pouco por todo o lado, dão expressão à sua arte através de linhas, volumes ou cores que utilizam para constituir conjuntos ordenados que sejam capazes de agir por si só na sensibilidade e no pensamento.
No entanto, não consideravam os artistas a hipótese de separar este poder de uma evocação, mais ou menos estilizada, do mundo visível, com excepção dos artistas islâmicos, por motivos óbvios.
Foi a partir de 1910-1940 que, no Oriente, alguns pintores renunciaram à representação, sendo Kandinsky, aparentemente, o primeiro a definir uma corrente lírica e romântica da arte abstracta, projectada numa linguagem plástica do mundo interior do artista e da sua visão imaginária.
Pelo contrário, é na mais depurada construção geométrica que Malevitch e Mondrian estabelecem o ponto de encontro entre o seu sentido cósmico e a sua vontade racional e objectiva. Outros artistas foram contribuintes mais episódicos do nascimento da nova arte, como foi o caso dos franceses Delaunay - que viveram em Portugal durante a 1ª. Guerra Mundial -, Léger, Picabia, o russo Larionov ou o checo Kupka e muitos outros.
O português Amadeu de Sousa Cardoso, natural de Amarante, que nasceu em 1887 e faleceu em 1918, fez a sua formação artística em Paris e foi um pioneiro que realizou no Porto, em 1916, uma exposição abstracionista, que depois veio a ser exibida em Lisboa. Infelizmente, a sua obra apenas foi influente a partir de meados do século.
Nos anos 20 e 30 é a tendência geométrica, muitas vezes apelidada de "arte concreta" e que muitas vezes se viu ligada à pesquisa arquitectónica, que domina, representada pelo construtivismo de escultores como os russos Pevsner e Gabo ou a polaca Kataryna Kobro; pelo neoplasticismo de Mondrian e do grupo holandês De Stij; em certa medida pela Bauhaus alemã, onde lecionam Kandinsky, que havia enveredado por uma arte mais fria, o húngaro Moholy Nagy e outros. Em Portugal foi o pintor Fernando Lanhas considerado como o introdutor da abstracção nos princípios dos anos 40. (CONTINUA)