Foi no dia 25 de Abril que Portugal mostrou uma face não muito usual no Povo que somos, ao ser cometido mais um dos muitos erros da nossa História, quando da deposição do Governo então vigente, que foi mandado para o exílio. É preciso que a memória do Povo seja acordada e se recorde da realidade do acto cometido:
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"PROFESSOR MARCELLO CAETANO: TRINTA E SEIS ANOS DE UMA IGNOMÍNIA"
"Há 36 anos foi cometida uma ignomínia que atingiu aquele que foi um dos portugueses que se dedicaram à causa pública com maior empenho, denodo e honradez, o Professor Marcello José das Neves Alves Caetano.
Os trabalhadores rurais e domésticos a quem foi estendida a previdência sabem daquilo que falo. Assim como os professores que passaram a ter férias pagas, os milhares que tiveram ajuda na compra de habitação própria, os que podiam ser reembolsados das suas despesas de saúde sem serem funcionário públicos, os que obtiveram emprego nos milhares de empresas que apareceram com o inédito crescimento económico.
No dia 25 de Abril de 1974, um homem que nunca colocou ao bolso um grão de pó que não fosse seu, que, tendo nascido pobre, subiu a pulso graças ao seu trabalho e inteligência e que construíra uma obra académica de renome internacional, foi tratado como um criminoso, banido do seu País sob os urros de uma multidão acicatada por gente medíocre.
Exilado, e com uma coragem exemplar, refez a sua vida com a dignidade própria de quem tem arreigado o valor do trabalho. Vencendo as adversidades - que é quando se mostra a têmpera das pessoas de mérito - voltou a exercer o seu magistério com o brilho que se lhe reconhece. Longe da família, dos amigos e da terra ingrata mas que era a sua, espoliado da aposentação que lhe era devida não pela carreira política mas como Professor da Faculdade de Direito de Lisboa, Marcello Caetano deu a todos uma lição de vida.
Nunca quis fazer as figuras que outros fizeram. Não patrocinou manifestações em capitais estrangeiras contra o governo do seu País, nem entrou em conspirações para se evidenciar aos olhos de potências estrangeiras. O seu padrão era a rectidão de comportamentos e não Mário Soares.
Quando foi para o exílio não tinha consigo um tostão que fosse e a sua única conta bancária era uma verdadeira anedota. Quando, poucos anos depois, os quatro filhos a dividiram entre si, cada um ficou com o valor equivalente a uma viagem de curta duração ao Brasil. O maior especialista em Direito Administrativo e que governara uma nação vivia apenas do que o trabalho lhe dava.
Expulso Marcello, como todos sabemos, Portugal ficou muito melhor: nas províncias ultramarinas foi encontrada a felicidade e a paz; o desemprego desapareceu; passámos a ter um crescimento económico anual equivalente à Coreia dos seus melhores dias; a bolsa de valores tornou-se um referencial mundial; o escudo tornou-se a mais forte moeda; a educação, expurgado o ensino técnico, ficou uma categoria.
Assim devem pensar os mesmos que no Largo do Carmo estoiravam os pulmões de tanto berrar contra Marcello. Mal sabiam que só em 1991 este triste rectângulo voltaria a atingir a mesma percentagem do PIB da média europeia que tinha em 1974...
Ao fechar os olhos, em 26 de Outubro de 1980, Marcello Caetano carregou consigo para a tumba muitos desgostos e humilhações. Mas levou também uma consciência limpa que aqueles em que o leitor está a pensar já não devem ter desde tenra infância.
Os festejos abrilinos não devem permitir que se esqueça que o triunfo que se lhes abriu há 36 anos (com que resultados?) pisou quem merecia ter sido poupado e reconhecido."
Carmindo Mascarenhas Bordalo,
"Há 36 anos foi cometida uma ignomínia que atingiu aquele que foi um dos portugueses que se dedicaram à causa pública com maior empenho, denodo e honradez, o Professor Marcello José das Neves Alves Caetano.
Os trabalhadores rurais e domésticos a quem foi estendida a previdência sabem daquilo que falo. Assim como os professores que passaram a ter férias pagas, os milhares que tiveram ajuda na compra de habitação própria, os que podiam ser reembolsados das suas despesas de saúde sem serem funcionário públicos, os que obtiveram emprego nos milhares de empresas que apareceram com o inédito crescimento económico.
No dia 25 de Abril de 1974, um homem que nunca colocou ao bolso um grão de pó que não fosse seu, que, tendo nascido pobre, subiu a pulso graças ao seu trabalho e inteligência e que construíra uma obra académica de renome internacional, foi tratado como um criminoso, banido do seu País sob os urros de uma multidão acicatada por gente medíocre.
Exilado, e com uma coragem exemplar, refez a sua vida com a dignidade própria de quem tem arreigado o valor do trabalho. Vencendo as adversidades - que é quando se mostra a têmpera das pessoas de mérito - voltou a exercer o seu magistério com o brilho que se lhe reconhece. Longe da família, dos amigos e da terra ingrata mas que era a sua, espoliado da aposentação que lhe era devida não pela carreira política mas como Professor da Faculdade de Direito de Lisboa, Marcello Caetano deu a todos uma lição de vida.
Nunca quis fazer as figuras que outros fizeram. Não patrocinou manifestações em capitais estrangeiras contra o governo do seu País, nem entrou em conspirações para se evidenciar aos olhos de potências estrangeiras. O seu padrão era a rectidão de comportamentos e não Mário Soares.
Quando foi para o exílio não tinha consigo um tostão que fosse e a sua única conta bancária era uma verdadeira anedota. Quando, poucos anos depois, os quatro filhos a dividiram entre si, cada um ficou com o valor equivalente a uma viagem de curta duração ao Brasil. O maior especialista em Direito Administrativo e que governara uma nação vivia apenas do que o trabalho lhe dava.
Expulso Marcello, como todos sabemos, Portugal ficou muito melhor: nas províncias ultramarinas foi encontrada a felicidade e a paz; o desemprego desapareceu; passámos a ter um crescimento económico anual equivalente à Coreia dos seus melhores dias; a bolsa de valores tornou-se um referencial mundial; o escudo tornou-se a mais forte moeda; a educação, expurgado o ensino técnico, ficou uma categoria.
Assim devem pensar os mesmos que no Largo do Carmo estoiravam os pulmões de tanto berrar contra Marcello. Mal sabiam que só em 1991 este triste rectângulo voltaria a atingir a mesma percentagem do PIB da média europeia que tinha em 1974...
Ao fechar os olhos, em 26 de Outubro de 1980, Marcello Caetano carregou consigo para a tumba muitos desgostos e humilhações. Mas levou também uma consciência limpa que aqueles em que o leitor está a pensar já não devem ter desde tenra infância.
Os festejos abrilinos não devem permitir que se esqueça que o triunfo que se lhes abriu há 36 anos (com que resultados?) pisou quem merecia ter sido poupado e reconhecido."
Carmindo Mascarenhas Bordalo,
Professor Catedrático Jubilado
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Não poderia olvidar este escrito do Exmº. Professor Carmindo Bordalo, que nos chama a atenção para o facto de os Portugueses passarem o tempo a olhar para os seus umbigos, esquecendo completamente "Aqueles que por obras valerosas, se vão da lei da Morte libertando", como escreveu o grande Camões - outro Português que vai caíndo no ostracismo -, e nós bem sabemos que Marcello Caetano jamais mereceu a indignidade que lhe foi feita.
Não poderia olvidar este escrito do Exmº. Professor Carmindo Bordalo, que nos chama a atenção para o facto de os Portugueses passarem o tempo a olhar para os seus umbigos, esquecendo completamente "Aqueles que por obras valerosas, se vão da lei da Morte libertando", como escreveu o grande Camões - outro Português que vai caíndo no ostracismo -, e nós bem sabemos que Marcello Caetano jamais mereceu a indignidade que lhe foi feita.
Errou? Quem não errou em todo o percurso acontecido após a Revolução dos Cravos? Errou-se muito... e continuará a errar-se... mas não podemos condenar alguém cujo crime seja o de amar a sua Pátria... e Marcello Caetano amou Portugal... e acredito que um dia a História lhe fará justiça!